Europeu sub-19: Agostinho Oliveira, o pai das últimas conquistas portuguesas
O antigo técnico esteve mais de duas décadas ligado à Federação. Assistiu ao título mundial de sub-20 em 1991 e comandou as seleções de sub-18 às vitórias nos europeus de 1994 e 1999. Ao Maisfutebol, o agora diretor técnico da formação do Sp. Braga falou sobre as duas gerações e da atual
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Em 1994, os jogadores que levou ao Europeu de sub-18, disputado em Espanha, davam-lhe segurança. «Todo o trabalho que já tinha sido feito colocava-nos entre as seleções favoritas. E nós também acreditávamos que podíamos ser candidatos», conta Agostinho Oliveira, em conversa com Maisfutebol.
O atual diretor técnico da formação do Sp. Braga recorda que a Seleção que chegou ao título europeu nesse ano tinha um leque de jogadores acima da média. Alguns, como Quim, Mário Silva, Beto, Dani e Nuno Gomes, chegaram a internacionais A.
Eram eles que deixavam Agostinho Oliveira descansado mesmo quando os jogos pareciam não estar a correr de feição, como aconteceu no encontro da final frente à Alemanha, no qual Portugal esteve a perder desde a meia hora de jogo. «Tínhamos uma série de rapazes com muito valor e alguns com uma qualidade extraordinária. Por isso, estávamos sempre à espera de um momento de inspiração desses jogadores. Quando estamos muito ao sabor da intervenção individual dos jogadores, ficamos relativamente descansados, porque a qualquer momento, mesmo que o jogo esteja tremido, eles podem desequilibrar», reconhece o ex-selecionador.
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Foi o que terá acontecido quando, em 1995, Portugal chegou ao terceiro lugar no Mundial de sub-20, no Qatar, com a base do Europeu de 1994. A perder por 2-0 no jogo de atribuição do bronze, a Seleção Nacional foi capaz de dar a volta ao texto em apenas 15 minutos:
A seleção do fato-macaco
Agostinho Oliveira concorda que havia grandes dúvidas em torno do grupo de 1999. «Falava-se muito que a qualidade da seleção era um grande problema. E a verdade é que os jogadores desse grupo não eram expoentes extraordinários.»
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O ex-selecionador explica que a chave do sucesso passou por transformar a equipa num grupo de trabalho. «Eram jogadores muito trabalhadores, jovens de fato-macaco. Como não tínhamos cão, caçámos com gato», prossegue.
Agostinho Oliveira, que esteve ligado aos quadros da Federação entre 1990 e 2011, admite que o título de 1999 foi mais saboroso do que o de 1994. «Porquê? Devido à ausência de grandes individualidades, trabalhámos muito o equilíbrio defensivo, a solidez de marcação e as compensações. Estávamos muito dependentes daquilo que era a ausência do erro. Se cometêssemos muitos erros, tínhamos a consciência de que seria muito difícil dar a volta ao texto. Os títulos conseguidos nestas circustâncias fazem prevalecer muito mais o trabalho e o dedo do treinador. É por isso que também são mais saborosos», explica.
Na final, disputada a 26 de julho, Portugal bateu a Itália por 1-0, golo de João Paulo ainda na primeira parte. Aos 63 minutos, a equipa das quinas ficou reduzida dez unidades, por expulsão de Semedo, mas segurou a vantagem. «Isso provou que os jogadores interpretaram muito bem o nosso trabalho coletivo. Mesmo estando naquela situação, não deixaram de ser solidários. Essa era a mais-valia da seleção de 99.»
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Os 18 de Hélio Sousa na HungriaApesar de estar afastado dos escalões de formação da FPF há vários anos, Agostinho Oliveira mantém-se a par das castas do futebol nacional. Como diretor técnico do futebol de formação do Sp.Braga, conhece o grupo que o selecionador Hélio Sousa levou para a Hungria.
«Identifico muita qualidade nestes jogadores. É das melhores seleções que temos. Acredito que é um grupo com muitas possibilidades de poder, ao fim de tantos anos, regressar a Portugal com um título. Os resultados que tem conseguido provam que é muito forte», diz, antes de revelar quais os pontos fortes do conjunto luso: «É muito forte no que diz respeito ao nível individual dos jogadores e tem dado também uma boa resposta em termos coletivos. Há desequilibradores e, ao mesmo tempo, gente com um nível de agressividade forte. E as equipas vencedoras têm de fazer essa mescla de interesses entre os tais jogadores que são os pensadores e os que vestem o fato-macaco.»
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O Campeonato da Europa de sub-19 disputa-se na Hungria entre 19 e 31 de julho