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Reportagem  |  

No Vale de Hunza: o futebol da eterna juventude

O Maisfutebol dentro de uma liga peculiar. Nesta região do Paquistão joga-se facilmente até aos 80 anos. «Bebemos água pura, só comemos fruta e vegetais».

Perante o retrato, fascinante, as perguntas sucedem-se. Não há mesmo ninguém doente? No campeonato local existem, de facto, octogenários em campo ? A Hunza Premier League junta, a cada edição, 70 equipas da região envolvente. Há até representações de Caxemira. O último campeão foi o Hyderabad FC.

No Elixir da Eterna Juventude, Sérgio Godinho canta as dores, evoca artroses, clama pela salvação da carne. A preocupação do cantautor não encontra eco nas gentes de Hunza. Nesta região do Paquistão - a 2500 metros de altitude, entre as cordilheiras dos Himalaias e do Karakorum -, o tempo avança sem pressa e a saúde é um direito adquirido.

Realidade ou lenda? Conto de fadas ou civilização terrena?  

Em Horizonte Perdido, o autor James Hilton conduz Hugh Conway – protagonista da aventura – à descoberta da mítica Shangri-La. Paraíso remoto, pedaço de paz e felicidade, promessa de um mundo novo e desprovido dos males da sociedade moderna.

Hunza é a sua versão mais aproximada, decalque da cidade imaginária de Hilton. Existe e organiza uma liga de futebol. Chama-se Hunza Premier League e tem recordistas de longevidade: o futebolista mais velho do último campeonato (terminado em janeiro) tem 86 anos.  

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«Nós existimos, o vale de Hunza é real», diz Tahir Zaman, capitão dos FC Hunza Defenders, ao Maisfutebol. «Somos muito sortudos em viver num sítio assim. Amamos futebol e todos os anos há duas edições do campeonato. A próxima arranca em julho».     

Imagens da final da Hunza Premier League-2012 :

 

A população do vale de Hunza tem características únicas. Viver até aos 130/140 anos não é uma utopia, nem sequer uma raridade. Sobre este oásis da juventude, algumas crónicas dizem mesmo que está imune ao envelhecimento e à doença.

Faheem Ullah Baig, dirigente da Premier League local, é outro dos nossos entrevistados. «Claro que envelhecemos. A diferença está no modo de vida. Se ainda corro e jogo futebol é porque os meus hábitos são melhores do que os seus».

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Baig sabe do que fala. «Tomamos banho no rio Hunza, em águas 15 graus abaixo de zero; fazemos todo o tipo de desporto; comemos só queijo, fruta e vegetais, nada de peixe ou carne; ah, e somos alegres, não temos stress. É assim que duramos tanto tempo, não há nenhum milagre».  

«Doentes? Há, sim. No último torneio tivemos de chamar uma ambulância. Um jogador de outra equipa teve uma lesão grave numa perna», responde-nos Tahir Zaman, o jovem capitão dos Defenders. Tem só 22 anos e estuda Gestão de Empresas na Universidade de Quaid-i-Azam, em Islamabad.

«Somos todos amadores. Só seis raparigas da região é que são profissionais. Jogam na seleção feminina do Paquistão», acrescenta o simpático Tahir.

E nós, incrédulos, insistimos: o segredo da eterna juventude está em Hunza? «Não é segredo (risos). Somos muito saudáveis porque bebemos água pura e não respiramos um ar poluído. Além disso, a maioria dos habitantes trabalha na agricultura. Não há melhor».  

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«Não temos apoios governamentais, somos responsáveis pelo organização. O dinheiro é pouco. Temos cinco campos de terra, não há relvados», explica Fahee Ulla Baig, um dos responsáveis pos este campeonato de gente saudável. De corpo e espírito.

«Há muitos jogadores talentosos na região. Precisam de oportunidades, de jogar em clubes profissionais. Mas, para mim, a felicidade está em jogar futebol no sopé da montanha».

Perguntamos a Tahir e a Faheem se existem superstições, truques ou outros hábitos incomuns, mas as respostas desarmam-nos por completo.

«Só queremos divertir-nos, temos sempre bom humor. Não há truques ou táticas, só futebol», diz o mais velho.

«Entramos em campo, olhamos as montanhas, o Forte Baltit e o Forte Altit. Existem há mais de 1000 anos e foram a residência oficial dos nossos reis».

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A conversa está no fim. Faltava, porém, falar de Cristiano Ronaldo. Sempre Ronaldo. Basta mencionar o nosso país e as atenções deixam Hunza e viram-se para o avançado do Real Madrid.

«Ronaldo, Rooney, Reus e Messi são os meus futebolistas favoritos. Ronaldo é o melhor. Conhece-o ?», pergunta Tahir Zaman.

«Já esteve com ele ? É um dos meus sonhos. Mas vivo muito longe. Ele devia visitar Hunza. Tenho a certeza que jogava até aos 100 anos».

Nós também.

«Estou velho! Dói-me o joelho Dói-me parte do antebraço Dói-me a parte interna De uma perna E parte amiga Da barriga Que fadiga O que é que eu faço? Escolho o baço ou o almoço? Vira o osso Dói o pescoço É do excesso!»

Desculpa, aqui não, caro Sérgio Godinho.

 
HUNZA PREMIER LEAGUE

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Posted by HUNZA PREMIER LEAGUE on Friday, July 25, 2014

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