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Saber onde e como pressionar os suecos foi crucial

Investigação Maisfutebol: a preparação para o play-off dissecada em todos os pormenores, antes de o génio de Ronaldo explodir. Segunda parte: do jogo da Luz ao último treino, em Solna

*Com Nuno MadureiraConcluída a fase de preparação, chegava a primeira mão, na Luz. Com a garantia de um ambiente empolgante, e sem problemas físicos a condicionar as opções, faltava pôr em prática o que tinha sido trabalhado e planeado.

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Um resultado na cabeça?Antes do primeiro jogo só havia um objetivo: ganhar. Na primeira mão, na Luz, os jogadores não entraram com um resultado na cabeça. Nem tão pouco a questão de manter a baliza a zero em casa foi demasiado valorizada. O foco era jogar para vencer, se desse para não sofrer golos, melhor. Na observação identificou-se que a Suécia não costumava entrar muito agressiva e se tornava mais intensa a partir dos 60 minutos. Os números também o confirmavam. Paulo Bento referiu-o, de resto, no final da primeira mão, sinal de que a análise tinha sido profunda. Face a isto faria sentido que estivesse no plano de jogo uma entrada forte de Portugal. E isso sucedeu. Na prática, significou subir as linhas de pressão. A primeira linha com Hélder Postiga, Nani e Ronaldo muito perto das imediações da grande área sueca. O meio-campo, sobretudo Moutinho e Meireles, logo a seguir. E a defesa logo atrás. Foi assim que Portugal criou a primeira ocasião, por Moutinho. Mas os suecos responderam cedo. Primeiro num dos tais cruzamentos rápidos, antes da grande área. A seguir houve uma bola parada. E um remate frontal, para defesa de Rui Patrício. Esse foi o período mais complicado, e Portugal recuou as linhas. Não pareceu estratégia, mas normalmente as ameaças provocam reação emocional às ameaças. Por muito que se analise e prepare, o futebol será sempre um jogo de pessoas. Portugal reagiu. O local onde se começa a pressionar determina o posicionamento de todos os setores. Por ser tão importante, logicamente é algo que se treina e planeia. Nenhuma equipa consegue pressionar subida no terreno durante 90 minutos. Por vezes a melhor escolha pode ser deixar que o adversário construa um pouco, suba as suas linhas, abra a equipa. E nesse momento atacar. Nessa fase os jogadores do adversário estão um pouco mais distantes entre si. Ganhar ali a bola pode ser sinónimo de espaço livre. A definição do local exato onde se pressiona é crucial. Neste play-off, Portugal nunca se incomodou muito que a Suécia tivesse a bola e tentasse jogá-la. Pelo contrário, por vezes esse até parecia ser o plano desenhado pela equipa técnica. O papel de Postiga nestes movimentos é crucial. O posicionamento do avançado nunca é ocasional. Coloca-se de forma a não permitir que o adversário saia a jogar pelo defesa que melhor conduz a bola e pelo lado mais confortável. Chega-se a esta conclusão depois de horas de visionamento. O avançado do Valência é apreciado por fazer bem este trabalho, nos clubes como na seleção: a primeira ação defensiva é, muitas vezes, empurrar a saída adversária para um dos flancos. Neste caso, pelo que vimos, o lado menos confortável da Suécia era o esquerdo. Foi isso que sucedeu, uma vez e outra. A pressão do avançado tem de ser acompanhada pelos médios: mantêm o adversário virado para o lado onde o jogo se desenrola. A prioridade é impedir o jogador contrário de variar o lado do jogo e colocar a bola onde existe espaço. Como muitas vezes a Suécia saía com passe longo para a direita de Portugal (a altura de João Pereira…), o foco esteve sempre mais no local para onde a bola ressaltaria do que propriamente na discussão no ar, a chamada primeira bola. O poder nórdico era conhecido. A seleção colocou os médios nessas zonas para recuperar rapidamente a bola no segundo momento e tentar sair a jogar. A substituição de Hélder Postiga
Por vezes há jogadores que saem não porque estejam a jogar mal, mas porque é preciso mudar alguma coisa. Foi o caso do jogo da Luz. Postiga estava bem metido na ação e tinha acabado de fazer um cabeceamento perigoso, mas a opção por Hugo Almeida traria duas alterações à forma de jogar de Portugal: maior poder na grande área e capacidade para cair nas alas, sobretudo à esquerda. Foi assim que surgiu o golo, e logo a seguir, o cabeceamento de Ronaldo à barra.  O avançado do Real Madrid apareceu onde normalmente o vemos, no espaço deixado vazio pelos movimentos do ponta-de-lança, entre o lateral esquerdo e o central desse lado. 
Final do jogo: 1-0, missão cumprida e nenhuma surpresa. Tudo o que os suecos tinham mostrado estava de acordo com o planeado e o crescimento português traduziu-se num dado de leitura transparente: zero rematesda Suécia em toda a segunda parte.
O que fazer depois da LuzNo dia seguinte, tão importante como trabalhar para o segundo jogo é descansar. O corpo e a mente. Do que foi possível observar, muito pouco foi dito no reencontro em campo entre treinadores e jogadores. A vantagem estava lá, mas o selecionador não acreditava que a eliminatória estivesse resolvida. Aliás, havia a dupla certeza de que uma vantagem por 1-0 em Solna não seria suficiente para repousar, como eventual situação de desvantagem não deixava irremediavelmente a seleção fora do Brasil. Foi isso que Paulo Bento repetiu na conferência de segunda-feira, já na Suécia. Já o tinha passado à equipa, revelou na conversa com o «Record», na semana passada. E foi o que sucedeu no campo. Com recuperação física e viagem pelo meio, o tempo para trabalhar a segunda mão ia ser escasso, como Paulo Bento já tinha explicado no dia do sorteio. Para treinar alternativas à forma habitual, só antes do primeiro jogo. Por exemplo, a possibilidade de jogar com dois avançados, já testada com Luxemburgo e Azerbaijão. Hipótese mais provável num cenário de tudo ou nada na segunda mão, mas que também poderia ser necessária no jogo de Lisboa. A sessão em Solna, pelo que se observou, foi simples gestão de rotinas e uma adaptação ao estádio. Num treino fora de casa, seja seleção ou clube, nunca existe garantia de que ninguém está a ver. Neste caso o que se passou foi só para sueco ver. Véspera do jogo, o onze estava guardado a sete chaves na cabeça de Paulo Bento.

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