Portugal-França, 0-1 (crónica)
Les enfants sont terribles
Há um momento nesta noite que é sintomático: o relógio caminhava para a hora de jogo quando, em mais uma combinação pelo centro, Danilo é ultrapassado por Benzema e agarra o adversário. Agarra-o, e agarra-o, e agarra-o até travá-lo. Depois do árbitro apitar, dá um murro no ar em sinal de desespero e vê o amarelo. Ora o desespero de Danilo é uma metáfora curiosa do que foi a noite da seleção nacional: uma noite de demasiados desesperos, combinados com erros e uma incapacidade cruel. Houve mais momentos de desespero. Houve por exemplo um remate de Cedric do meio da rua, sem qualquer nexo, e houve várias iniciativas individuais de Ronaldo, todas forçadas e inconsequentes. Mas aquela de Danilo é mais significativa do que as outras. É mais significativa porque veio de um homem que teve um jogo infeliz, num meio campo cheio de homens que tiveram também eles um jogo infeliz: Adrien e João Mário, claro.
A ficha de jogo e as notas dos jogadores Toda a seleção teve um jogo desafortunado, mas o meio campo foi particularmente desastrado. Incapaz de acertar com as marcações, sempre mal colocado, inábil para segurar a bola e ultrapassado permanentemente pela dinâmica do futebol da França. Os miúdos foram terríveis. Tanto assim, aliás, que as melhores situações da França nasceram por ali: pelo centro do relvado. Primeiro quando Danilo deixou Matuidi isolar-se, e só Patrício defendeu, depois quando José Fonte deixou Griezmann isolar-se, e só Patrício defendeu, mais tarde quando Danilo fez a tal falta com que começa este texto e Benzema atirou para Patrício defender. Como se vê, portanto, só a exibição do guarda-redes português ia evitando mal maiores. Não durou para sempre, claro. Em mais uma falta cometida pelo centro, desta vez através de José Fonte, Valbuena tira as medidas perfeitas à baliza e faz de livre o golo que a França já merecia há muito.
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Destaques: Rui Patrício bem adiou, mas não conseguiu evitar Os franceses parecem ter reagido melhor à notícia da noite: a libertação de José Sócrates. O que faz sentido: o antigo Primeiro-Ministro vai ficar em prisão domiciliária. Longe de Paris, portanto. Graçolas de gosto duvidoso à parte, interessa dizer que Portugal esteve nervoso, incoerente, desastrado e errático. Este meio campo foi demasiado pouco e deixou alertas importantes para o futuro: para vencer a Albânia, o selecionador vai ter de acertar várias pontas importantes desta equipa. Que pelo menos para isso sirva esta derrota. Porque, de resto, há muito pouco: Portugal voltou a perder com a França, foi a décima vez consecutiva, numa história que já leva 40 anos. Para infelicidade dos nossos emigrantes, para quem este jogo seria mais que amigável.
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