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Sonhos traídos: «Profissional? Não fizemos sequer um jogo»

Jovens relatam experiência com empresário em Portugal

Nuno Travassos

Em Dezembro de 2010, Nélio Nunes tinha perdido parte do seu primeiro grupo mas preparava nova viagem. O Leão da Tribo de Judah F.C. era um chamariz à parte, um aliciante embrulhado em vídeos na internet, enquanto os jovens sonhavam com testes em grandes clubes europeus.

A meio do mês, duas semanas antes do natal, quatro promessas brasileiras despediram-se das famílias, contaram os tostões amealhados a crédito e entregaram o seu futuro ao empresário sediado na Amadora.

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Quando entraram no avião, com escala em Munique, imaginavam a estrutura profissional anunciada contratualmente, um treinador, preparadores-físicos, equipamentos, psicólogos até. Nada de nada. O sorriso desapareceu quando chegaram ao alojamento em Portugal.

«Só dormi numa cama na primeira noite. Depois, dormi sempre num colchão velho no chão. Tomei banho gelado, não consegui falar com a minha família por falta de telefone, nem sequer tinha televisão. O tal centro de treinos nunca existiu. Eu ia ser profissional? Não fizemos sequer um jogo de futebol por intermédio dele», resume Roni, ao Maisfutebol.

Douglas também se sentiu enganado. Interrompeu o curso superior de Engenharia em troca da promessa de um teste no Chelsea. Tinha uma vida estável, emprego na área. O sonho do futebol falou mais alto. Pagou 5.500 euros: «Enfim, foi um golpe mesmo. Senti-me um lixo, regressou ao Brasil e a minha situação financeira está terrível, o meu nome está nos grupos de cobrança. Acabei com a minha vida por causa de um ladrão.»

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«Não tínhamos treinador, o clube que ele disse que existia (O Leão da Tribo de Judah) não existia, a estrutura dele era um apartamento onde ficavam dez pessoas, em más condições, dormindo no chão», reforça Douglas.

Chegaram quatro em Dezembro, juntaram-se a dois que permaneciam no espaço, mais Nélio Nunes e a mulher. A cada semana, mais um jogador no apartamento diminuto. «Este empresário já usou e abusou de muitas pessoas no passado. Agora, está a usar o futebol para enganar jogadores. Pelo que me disseram, agora saiu da Amadora e foi para Odivelas. Quando é que isso termina?». É esta a questão levantada por Thiago, em conversa com o nosso jornal.

Os jovens passaram mês e meio nestas condições, a correr na rua, em parques, às vezes no Monte da Galega. A correr atrás de um sonho cada vez mais distante. Queriam apresentar queixa na polícia, foram até à embaixada. Em vão.

O Leão da Judah F.C. continuava a ser uma miragem sem existência física. Nem testes, nem jogos, nem treinos. Fartos da situação, encontraram ajuda de terceiros para regressar ao Brasil. A revolta foi com eles, sem desaparecer. Nélio Nunes continua em Portugal, com jogadores à espera de colocação. Os anúncios permanecem activos. Basta procurar e acreditar.

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