Taça: V. Guimarães-Moura, 1-1 (2-1 a.p.) (crónica)
Insistir no erro costuma resultar mal. Mas o V. Guimarães lá se safou depois de um hino ao desperdício.
Insistir no erro tem tanto de natural como de incompreensível. Como tocar num prato a ferver, logo depois de nos avisarem que está quente. Só assim se pode perceber como, depois de avisos atrás de avisos, ano após ano, as equipas da Liga continuam a entrar num jogo com uma formação de escalões secundários com a mente tranquila e o pensamento numa passagem que há-de chegar. E chegou, mas com tanto sofrimento que só terminou perto do fim do prolongamento, quando Soudani garantiu o triunfo por 2-1. Manifestamente pouco. A festa da Taça chegou a estar marcada, mas o Vitória não deixou, quando os convivas já se juntavam.
O V. Guimarães deu-se mal com essa tal abordagem. Vai acontecendo um pouco com todos. Numa colecção de azares iniciada na lesão de Maranhão, viu o Moura marcar no seu melhor período no jogo e construir uma vantagem mínima que guardou quase até ao final. Teve sorte? Em vários períodos. Foi melhor? Não se pode dizer que sim. Mas a verdade é que a uma equipa da Liga, ainda por cima crónica candidata à Europa, exige-se muito mais do que uma quantidade inusitada de golos desperdiçados.
PUB
Voltando ao golo do Moura, que apareceu ao minuto 21, convém ressaltar que veio numa fase em que a equipa alentejana estava por cima, com o futebol a nascer, quase sempre, nos pés de Hugo Firmino. O herói seria sempre Henrique Gomes, que não perdoou na cara de Nilson, como Soudani tinha feito minutos antes, mas a abertura de Firmino foi excepcional.~
Desperdício com sotaque argelino e uruguaio
A partir daqui, o Moura defendeu e teve uma ocasião, de novo por Firmino, já na segunda parte. O V. Guimarães, espicaçado por uma plateia impaciente, abriu o leque das ocasiões perdidas. Um hino ao desperdício, com Soudani e Barrientos como tenores de serviço.
O argelino depois de perder a primeira ocasião na cara de Rui Rosindo, haveria de, antes do intervalo, desperdiçar mais duas vezes, ambas de cabeça. Na primeira cabeceou de cima para baixo e a bola passou o travessão; na outra acertou no poste. No segundo tempo foi a vez de Barrientos estar em destaque: atirou por cima com a baliza aberta e atirou ao lado só com Rui Rosindo pela frente.
PUB
Ainda assim, perante tamanho sufoco, só se esperaria que a igualdade chegasse. Talvez não se esperasse que viesse tão tarde. Quando poucos acreditavam Edgar serviu numa bandeja o golo a Soudani. E o estádio respirou de alívio. Ainda dava para mais trinta minutos de futebol. O tempo que havia para mudar um pouco a má imagem.
Soudani: de vilão a herói
Num prolongamento onde o discernimento não abundou e o Moura, em francas dificuldades físicas, pouco mostrou, valeu apenas a redenção de Soudani. Num jogo que parecia ser para esquecer, ao argelino, que tinha feito o empate, vestiu a capa de herói ao bisar e dar o triunfo à sua equipa, já na recta final. Um golo pleno de oportunidade que acabou com o sofrimento dos adeptos mas não evitou assobios no final. O Moura caiu de pé. A provar está a ovação que lhe foi dedicada pelo D. Afonso Henriques. Não fez história mas, para quem o desfrutou, será um dia para mais tarde recordar.
FICHA DE JOGO:
Estádio D. Afonso Henriques
PUB
Árbitro: Hugo Pacheco
V. GUIMARÃES: Nilson; Alex, João Paulo, El Adoua e Bruno Teles; Renan (Faouzi, 72), Nuno Assis, Barrientos e Toscano (Edgar, 46); Maranhão (Targino, 16) e Soudani.
Não utilizados: Douglas, Leonel Olímpio, NDiaye e Tony.
Treinador: Rui Vitória
MOURA: Rui Rosindo; Barata, Pedro Rodrigues, José Maria e Mário Verdades (Kata, 46); João Freitas, Sandro, Tó Miguel e Hugo Firmino; Nuno Moreira (Filipe Infante, 75) e Henrique Gomes (Dieng, 78).
Não utilizados: Telmo Soares, José António, Domingos, Mauro Antunes.
Treinador: Fernando Piçarra
Golos: Henrique Gomes (21), Soudani (89 e 117)
Disciplina: Amarelo para Soudani (26), Mário Verdades (44), Nuno Assis (87), Kata (90), Targino (116)