Zahovic abandona Portugal com futuro incerto: «Agora acabei o meu trabalho aqui»

Zahovic vai abandonar Portugal doze anos depois de ter chegado a este cantinho da Europa para representar o V. Guimarães (1993) e onde viveu durante quase uma década. O médio esloveno sente que, para já, a sua presença no nosso país deixou de fazer sentido e no final da semana abandona Lisboa com dois caminhos no horizonte: jogar na Croácia pelo Dinamo Zagreb ou regressar à Eslovénia e a Maribor, sua terra natal, para viver junto da família. A revelação foi feita por Zlatko Zahovic ao Maisfutebol: «A minha função num país que não é meu a 100 por cento acabou. Vou estar sempre ligado a Portugal, mas agora acabei o meu trabalho aqui e quando acabamos o nosso trabalho num país que não é o nosso, regressamos a casa para viver junto dos nossos familiares.» Só os filhos o amarraram a Portugal, e principalmente a Lisboa, de Janeiro até ao presente mês. Quando rescindiu com o Benfica, no início do ano, o filho mais velho estava em pleno ano lectivo e por isso toda a família decidiu permanecer num país onde se sentem integrados para não prejudicar os estudos do descendente. Durante os meses em que esteve inactivo Zahovic não recebeu qualquer proposta para continuar a jogar no nosso país. «Nunca falei com ninguém pois nunca tive uma proposta de Portugal. Logo depois de ter rescindido com o Benfica podia ir para a Premier League e as condições eram muito melhores do que as que tinha no Benfica, mas não aceitei porque foi muito rápido para mudar de vida e o meu filho estava na escola. Para além disso sentia-me um pouco desmotivado e ter um jogador desmotivado não é bom para um clube», revela. Concluído o ano lectivo do pequeno rebento, Zahovic voltou a traçar novas metas para uma carreira que teve o ponto alto quando defendeu o F.C. Porto, clube para o qual se transferiu em 1996 e onde jogou três épocas. «Depois de cerca de oito meses parado gostaria de jogar mais um ano. O descanso fez-me bem e estou outra vez motivado para dar o máximo», ressalva ao Maisfutebol, garantindo estar em perfeitas condições físicas para continuar a jogar, mas mostrando-se conhecedor das limitações que os 34 anos colocam ao número 10 que se tornou no maior símbolo do futebol esloveno: «Claro que me sinto em condições, mas em qualquer clube não.» «Sempre foi desejo do presidente do Dínamo Zagreb que eu jogasse lá»Zahovic parte rumo à Croácia onde no sábado vai assistir ao jogo do Dínamo Zagreb, clube que está interessado na sua contratação. O médio ofensivo diz-se preparado para jogar naquele país, mas não entra em euforias: «Gostaria de jogar lá se fosse possível, mas nada está certo. O presidente convidou-me para ir ver o jogo de sábado e como é meu amigo sempre foi desejo dele que eu jogasse lá. Podemos acertar o contrato no sábado como até podemos nem falar disso. No futebol tudo pode acontecer. É sempre assim.» Com reservas em falar do futuro, Zlatko Zahovic prefere esperar para sábado para saber se vai jogar em Zagreb ou morar na Eslovénia. Para já, certo é que vai abandonar Lisboa e Portugal vai ficar apenas na memória de um esloveno que 12 anos depois da chegada a Guimarães ainda sente dificuldades em articular todas as palavras da língua de Camões. O discurso é perfeitamente compreensível, mas em alguns momentos a voz embarga e Za faz uma pausa, para só depois soltar as palavras. Em Portugal conheceu a glória como jogador e deu teve as primeiras aulas para ser treinador. Neste Verão tirou o Curso de Treinadores da UEFA - III Nível, juntamente com o amigo Drulovic, também ele uma conquista dos tempos em que jogava no então Estádio das Antas. «O curso é espectacular pois permite-nos perceber mais de futebol e nunca se sabe tudo», analisa sobre o que aprendeu em Rio Maior. Regressar a Lisboa para tirar o IV e último nível da UEFA para treinadores não está posto de parte para Zahovic, como não está descartada uma nova viagem para este lado da Europa, quiçá já como mister.