E depois do adeus o Benfica continua no topo, com uma festa de Natal abrilhantada pelo Rio Ave e pelos golos que a Luz viu nesta noite de fim de ano civil/desportivo. Os encarnados deixam 2011 para trás com uma vitória expressiva, a maior da época, e com futebol vistoso, muito por graças do Pai Natal que foi Pablo Aimar e do seu colega de toda a vida, Javier Saviola.

A equipa de Vila do Conde trouxe uma promessa de bom futebol para Lisboa e cumpriu-a. Aliás, até esteve na frente do marcador. Vantagem invertida pela mão de Éder e uma descoberta de Nolito. Num minuto, o Benfica virou o resultado e, com isso, vai virar o ano no topo, imbatível no campeonato.

Pesadíssimo talento de Aimar

Bola cá, bola lá, que o subsídio não chega, mas o espectáculo sim. O encontro começou em bom ritmo. O Rio Ave ameaçou e o Benfica respondeu. A cadência encarnada era maior que noutros encontros. Saviola dava andamento, Aimar organizava, Christian Atsu e Yazalde eram setas apontadas a Artur. E Emerson atacava como nunca se vira antes.

Num 4x1x3x2 que tanto deu em 2009/10, os encarnados criaram vários momentos de troca de bola com qualidade assinalável. Os vila-condenses eram mais fugazes, mais repentinos. Christian Atsu ameaçou uma vez e marcou à segunda. Pontapé certeiro, a fugir a Artur. Era injusto? O Benfica tinha posse de bola, é verdade, jogava bem. Mas o Rio Ave também. A estratégia é que era outra. E dava resultados. Justo, porque não?

Só que os vila-condenses sofreram demasiados golpes. O primeiro auto-infligido. Éder saltou com um braço à frente e impediu um cabeceamento de Cardozo de chegar à baliza. Dos 11 metros, o Tacuara não perdoou e fez o empate. Era justo? Era, sim. Depois Nolito, em descoberta pela área de Huanderson, que ficou mal na fotografia do 2-1, no minuto seguinte. Demasiado pesado para o Rio Ave, como pesadíssimo foi o talento de Aimar a servir Saviola para o 3-1.

Optimismo vila-condense

A primeira parte trazia um resultado excessivo, a margem mínima era mais aceitável. E o que o Rio Ave fizera até então não deixava demasiado sossego. Só que Aimar deu outra prenda, agora a Garay, e na Luz o Natal tornava-se argentino. Seria muito castelhano também, diga-se, porque Nolito ia colocar a diferença em números de goleada.

Enquanto Carlos Brito mostrava à Luz outro irrequieto miúdo, de nome Kelvin, o espanhol do Benfica voltou a inventar um caminho para o golo, agora num remate que nem o pareceu ser. Jogo arrumado e tempo ainda para Nélson Oliveira se estrear na Liga. A prenda que faltava, num encontro que o Rio Ave dignificou. Perdeu, é certo, e continua lá por baixo. Mas nos tempos que correm, é saudável ver que há gente que olha a vida com optimismo, por muitos golpes que ela pregue, como nesta noite.

Já o Benfica regressa em 2012, depois de Jorge Jesus ter garantido o seu melhor registo até ao Natal, enquanto líder dos encarnados. Pelo menos, parte para 2012 na frente e com uma equipa que voltou a ser alegre e que deixa boa esperança para o que aí vem.