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Memórias do Varzim de 1985 para um Feirense sem vitórias

Equipa de Santa Maria da Feira leva 19 jornadas seguidas sem vencer. Só duas equipas fizeram pior na história da Liga. Lúcio, antigo guarda-redes do Varzim, fez parte da equipa com a pior série, em 1984/1985. Do jogo repetido com o Benfica à dica: «o mais importante é a parte psicológica»

Há dez épocas no principal campeonato português que não se via uma equipa de costas tão voltadas com a vitória. O Feirense leva 19 jornadas seguidas sem triunfos: são quase seis meses sem festejar três pontos de uma só vez, após um arranque com duas vitórias, a última a 20 de agosto de 2018.

Entretanto, troca de treinador: a estreia de Filipe Martins, sucessor de Nuno Manta, deu derrota por 3-1 ante o Sporting, acentuando uma série que não dá bons indicadores. Pelo menos, à luz da história.

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De acordo com dados do Playmakerstats, o Feirense igualou outras três equipas com o terceiro pior registo da história, no que a jogos consecutivos sem vencer na Liga diz respeito: Salgueiros, Olhanense e Sp. Espinho. Acima dos 19 jogos destes quatro clubes, em épocas distintas, só o Belenenses de 2009/2010 (20 jogos seguidos) e o Varzim de 1984/1985, com o registo negativo máximo: 22 jornadas.

Piores séries sem vencer na Liga:

  • Varzim (1984/1985) - 22
  • Belenenses (2009/2010) - 20
  • Feirense (2018/2019), Sp. Espinho (1996/1997), Olhanense (1963/1964), Salgueiros (1961/1962) - 19

Um mau prenúncio

A história, por vezes, vale o que vale. Mas o Feirense não tem bons exemplos nos cinco anteriores: todas as equipas supracitadas desceram.

O Belenenses de 2009/2010 não somou qualquer vitória entre a terceira e a 22.ª jornada, de 24 de agosto a 14 de março. Ficou no 15.º e penúltimo lugar, descendo à II Liga. Teve dois treinadores: João Carlos Pereira e Toni Conceição.

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O Sp. Espinho fez uma soberba primeira volta em 1996/1997, era quarto classificado à 14.ª jornada, mas só voltaria a vencer na 34.ª e última. Apenas três pontos entre a 15.ª e a 33.ª ditaram a descida, no 16.º e antepenúltimo posto: Edmundo Duarte, Carlos Garcia e Zinho foram os treinadores.

O Varzim de 1984/1985, fez pior entre todos: venceu duas vezes até à oitava ronda e nunca mais o fez até à 30.ª e última, de novembro de 1984 a junho de 1985. Desceu no 15.º e penúltimo posto. José Alberto Torres e Mourinho Félix – pai de José Mourinho – passaram pelo comando técnico.

A década de 60 traz mais dois exemplos. Em 26 jornadas, o Olhanense só venceu à 20.ª e depois à 22.ª, não evitando a despromoção, no 13.º e penúltimo posto: Calvinho, Ruperto García e Álvaro Inácio orientaram os algarvios.

A única destas cinco equipas a descer no último lugar foi a primeira desta história. O extinto SC Salgueiros venceu duas vezes até à sétima jornada, em 1961/1962. Depois, dois empates em 19 jogos, além de 17 derrotas. António de Sousa e Artur Baeta comandaram a equipa.

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«Nesta fase, o mais importante é a parte psicológica»

Lúcio, antigo guarda-redes, foi um dos protagonistas da época do Varzim em 1984/1985 na baliza. Por experiência própria, defende que o psicológico dos jogadores é crucial.

«Nesta fase, o mais importante é a parte psicológica. Tudo o resto, eles sabem fazer. A parte psicológica é que vai fazer com que as coisas corram melhor ou pior. Acho que os jogadores estão cansados psicologicamente pela falta de resultados. Vimos no Nacional, os jogadores a chorar depois do jogo com o Benfica. É a falta de êxito que leva àquela situação», compara Lúcio, ao Maisfutebol.

Lúcio (em cima, da esq. p/dir.) era o guarda-redes titular do Varzim de 1984/1985 ( Foto: Glórias do Passado)

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Por isso, diz que «qualquer ponto conquistado é uma vitória». Mas há mais. «Às vezes, é fazer coisas diferentes: sair do próprio estádio, passear pela praia, pelo campo. Fazer outro tipo de trabalho de oxigenação, de descontração. Poderá ser positivo para o que se ambiciona», nota Lúcio.

«Acontece, neste estado de espírito, o cansaço do trabalho. Às vezes, vamos para o treino a dizer: “é mais um treino, vamos treinar para quê?”. Lembro-me de um treinador do Vitória de Setúbal, o Malcom Allison, que quando tinha resultados em jogos importantes, dizia: “esta semana só aparecemos aqui para a convocatória, para ir jogar”. E o Setúbal fez uma época excelente. Temos de trabalhar os mecanismos. Mas, nesta altura, a equipa já tem mecanismos», crê.

Repetição com o Benfica e perna partida: o que agudizou a série do Varzim

Ora, e como foram as coisas com o Varzim, há 34 anos? José Torres tinha levado os poveiros a um oitavo lugar em 1983/1984. O pior viria no ano a seguir, já sem o “Bom Gigante” ao leme.

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«Começámos bem, mas, depois, uma série de situações prejudicou: um jogo de repetição com o Benfica, estávamos a ganhar 1-0 e um adepto do Benfica, com uma garrafa, partiu-a na cabeça do árbitro de linha. Repetimos o jogo, perdemos, o José Maria parte a perna num lance com o Veloso e, a partir daí, faltou-nos um elemento fundamental e descemos de divisão. Depois, com os resultados negativos, começou a haver desânimo», aponta Lúcio, recordando tempos idos.

«Por isso é que, no início da época, a gente costuma dizer: é amealhar no princípio, porque no último terço do campeonato, é difícil. Se há pessoas fortes psicologicamente, a maior parte não consegue viver com o desânimo. Faz parte da vida, não só no futebol», conclui.

Resta perceber se, no caso do Feirense, a história predomina, ou o psicológico - e o físico - impera para a retoma em Santa Maria da Feira.

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