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Reportagem  |  

De uma vila piscatória com seis mil habitantes a lenda da Real Sociedad

Imanol Alguacil nasceu a cerca de 20 quilómetros do centro de San Sebastián, perdeu a mãe cedo e o pai trabalhou como camionista para sustentar a família. Foi operário, depois jogador profissional e no fim da carreira, criou uma empresa de entregas antes de seguir a carreira de treinador. O Maisfutebol foi a Orio conhecer o perfil do homem que faz sonhar o clube txurdi-urin

Orio, País Basco

Sacríficio, humildade, trabalho e perseverança. Os valores de Imanol Alguacil unem-se com os da Real Sociedad. O treinador assumiu o cargo da equipa principal txuri-urdin em março de 2018 e salvou-a da descida de divisão. Cinco anos depois, o clube de Donostia está muito perto de chegar aos oitavos de final da Liga dos Campeões, o que não acontece desde 2003.

Quem é o técnico que está encantar Espanha e a Europa? Essa é a pergunta à qual o Maisfutebol quer responder. Por isso, às 8h30, fazemo-nos à estrada e percorremos 17 quilómetros, a distância entre o hotel onde estamos instalados, perto do centro de San Sebastián, e a vila piscatória de Orio. Foi lá que Imanol Alguacil nasceu há 52 anos, se fez homem e onde residiu até há bem pouco tempo – mudou-se recentemente para um sítio mais perto de Zubieta, centro de treinos do clube. «Conhecemos Imanol desde que era pequeno. Podem perguntar a qualquer pessoa em Orio, todos o conhecem. É uma pessoa terra-a-terra», começam por dizer os dois irmãos, Patxi e José Marí, junto ao pequeno porto à entrada da vila que tem cerca de seis mil habitantes. Os dois apressam-se a pedir desculpa, mas têm de seguir caminho. O dever chama, justificam. Avançamos então pela vila e encontramos um pequeno centro: há uma escola, cafés, algumas lojas e um porto ainda mais pequeno do que o anterior. «Imanol perdeu a mãe quando era muito novo. Foi criado por uma tia e pelo pai. Embora ele já não viva aqui, os irmãos ainda moram», explica Mikel Rakarte, proprietário da taberna Arkaitz, uma das poucas que há nas redondezas. A infância de Imanol e dos seus seis irmãos não foi fácil. Após a perda da esposa, o pai de Imanol não baixou os braços, fez-se à vida e trabalhou como camionista para sustentar a família. Com o progenitor muitas vezes distante, Imanol cresceu como mais um adepto da Real Sociedad, acabando por chegar a profissional no clube do coração. O facto de jogar na formação da Real não o impediu, porém, de trabalhar como operário de uma fábrica quando ainda era adolescente, profissão que largou apenas quando assinou o primeiro contrato profissional. Mais de uma década depois, Imanol terminou o percurso como jogador no Burgos. Apesar da carreira de futebolista, o basco teve a humildade de procurar trabalho e não teve problemas em criar a sua própria empresa de entregas. A paixão pelo futebol fê-lo conciliar o novo trabalho com o papel de treinador de uma equipa modesta, em Orio. Poucos anos depois, a Real Sociedad ofereceu-lhe trabalho na formação até chegar à equipa principal. Porém, nunca deixou de ser quem era. Diz quem o conhece. «Ele costumava andar tranquilamente pelas ruas quando morava aqui e conversava com as pessoas. Mesmo depois de ter conquistado a Taça do Rei e de todo o sucesso que obteve, continua a ser a mesma pessoa», refere Iker Uranga, marinheiro de profissão, enquanto bebe uma cerveja às 9h da manhã. «Quando a Real Sociedad ganhou a Taça do Rei, as pessoas foram para junto da sua casa e o Imanol foi à varanda e juntou-se às celebrações. Ele também é um adepto», acrescenta Mike Rekarte, atrás do balcão, recordando o momento em que Imanol pareceu um habitante como outro qualquer nesta vila onde o desporto-rei é o remo. A conversa flui naturalmente e uma outra cliente junta-se à conversa. Há muita admiração pelo técnico basco da Real Sociedad, mas acima de tudo, um orgulho tremendo. «Tenho três filhos pequenos e eles são loucos pela Real Sociedad e pelo Imanol. Não falam de outra coisa», revela Idoia Erasun, sentada ao balcão, juntando-se à conversa. Idoia Erasun acompanha-nos até à saída da taberna e pergunta-nos de onde somos. «De Portugal? O meu marido é de Covelo, perto de Gondomar, conhecem? Vamos lá passar o Natal», refere, com um sorriso. O tempo urge, mas ainda há tempo para passear mais um pouco. Apesar de ser uma vila pequena, as poucas pessoas que vemos na rua caminham em ritmo acelerado a caminho do trabalho. O relógio marca 9h30 e preparamo-nos para partir quando, numa pequena loja que está fechada, somos surpreendidos com uma fotografia do treinador na montra. Um sinal claro do impacto que Imanol Alguacil, o quarto treinador a conquistar títulos ao serviço da Real Sociedad, tem na pequena vila humilde de Orío e nas suas gentes. 

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