O grupo de Espanha, Itália e Croácia? Não. O verdadeiro «grupo da morte» foi o Grupo D. Contrariando quase todas as probabilidades, a Áustria venceu os Países Baixos (3-2) num jogo de loucos e terminou no primeiro lugar, à frente de França e dos neerlandeses. Um cenário negativo para Portugal, que vai defrontar os franceses nos quartos de final, caso ambos avancem nos oitavos.

Contudo, é um desfecho meritório para a Áustria, que não tem grandes nomes, mas demonstrou ser uma enorme equipa. Há sempre seleções que fazem campanhas extraordinárias nestas provas mesmo quando ninguém as tinha conta. A partir de hoje, vamos ter de contar com os austríacos.

Assim se espreme uma laranja

A Áustria já tinha sido muito competente diante da França e mostrou ser um osso duro de roer para qualquer adversário. No segundo jogo venceram a Polónia com naturalidade, mas estes dois resultados não chegaram para os Países Baixos estarem avisados quanto à qualidade da seleção comandada por Ralf Rangnick.

Os neerlandeses foram claramente surpreendidos pela entrada em jogo dos austríacos, que não tiveram qualquer tipo de receio em subir as linhas para pressionar e, assim, roubar a bola ao adversário.

Rangnick fez quatro mexidas para este jogo e uma delas pareceu acertada desde o início (a outra revelou-se certeira na segunda parte). Alexander Prass, que habitualmente joga como extremo, alinhou no lado esquerdo da defesa, mas com muita liberdade para atacar.

O jogador do Sturm Graz ameaçou nos primeiros minutos com cruzamentos para a área e, ao terceiro, deu golo. Prass cruzou na direção de um colega, mas Malen apareceu de rompante a cortar… para a própria baliza: estava feito o sétimo autogolo deste Europeu.

Antes do intervalo, os neerlandeses ainda somaram um par de ocasiões perigosas, mas não conseguiram sequer acertar um remate na baliza, tiveram menos bola e revelaram muitas dificuldades em lidar com a pressão austríaca. Ronald Koeman tentou agitar as águas com a entrada de Xavi Simons à meia-hora, mas sem sucesso. A juntar a isto, os neerlandeses ouviram muitos «olés» vindos das bancadas.

A equipa austríaca provou do próprio veneno um minuto após o apito inicial da segunda parte, com uma perda de bola em zona proibida. Grillitsch foi desarmado, Xavi Simons liderou o contra-ataque neerlandês e Cody Gakpo, depois de um toque que tirou o defesa do caminho, deixou tudo empatado.

Os neerlandeses ganharam uma injeção de confiança com este golo, mas sofreram um duro golpe em cima da hora de jogo. Numa altura em que estavam claramente por cima e até a forçar a reviravolta, a Áustria voltou a desenhar uma boa jogada na esquerda e Schmid apontou o 900.º golo da história dos Europeus.

Se queres marcar, chama o Weghorst

Tem sido uma tática recorrente de Koeman e já havia resultado com a Polónia. Com um aperto no resultado, o selecionador neerlandês lançou o «pinheiro» lá para a frente… e colheu frutos. A um quarto de hora do final do jogo, Weghorst ganhou uma bola nas alturas e Memphis Depay fez o 2-2. O lance ainda foi anulado, mas o árbitro reverteu a decisão depois de ver as imagens.

O jogo estava completamente ao rubro e o marcador indefinido, assim como as três primeiras posições do grupo. E, aí, apareceu o caráter dos austríacos, aliado à ação desastrosa de Virgil van Dijk.

À entrada para os últimos dez minutos, Baumgartner descobriu Sabitzer – Onde? No lado esquerdo, claro – e o médio do Borussia Dortmund, beneficiando da posição de van Dijk, que o deixou em jogo, rematou para golo mesmo de ângulo apertado.

A figura: Sabitzer, um exemplo de líder

Arnautovic entrou em campo com a braçadeira de capitão, mas o verdadeiro líder da Áustria é o camisola 9. Sabitzer tem um pulmão inesgotável e foi decisivo ao apontar o 3-2, logo a seguir ao golo do empate dos Países Baixos. De ângulo apertado, colocou a bola «no buraco da agulha».

O momento: Schmid desfere um golpe nos neerlandeses

Os Países Baixos marcaram logo a abrir a segunda parte e, depois disso, assumiram a iniciativa do jogo pela primeira vez. Quando se previa que os neerlandeses conseguissem chegar ao segundo golo, eis que a Áustria passou de novo para a frente e abalou a confiança da equipa de Koeman.