Portugal chumbou rotundamente neste segundo teste, no Estádio Nacional, frente à Croácia. Um teste mais exigente que colocou em evidência as fragilidades defensivas que Portugal já tinha demonstrado frente à Finlândia. O primeiro tempo, jogado sobre nuvens negras, foi mesmo horrível, com Portugal a oferecer um penálti e sem conseguir criar uma única oportunidade de golo. Na segunda parte já houve sol, Portugal melhorou com as mudanças, chegou ao empate, mas depois voltou a ficar sem argumentos para contrariar uma Croácia que pareceu, nesta altura, bem mais preparada para encarar a fase final do Euro2024.

O FILME DO JOGO

Com mais de 30 mil adeptos nas bancadas do Jamor, Roberto Martínez fez sete alterações em relação ao primeiro jogo com a Finlândia, numa reestruturação que, em teoria, seria uma espécie de upgrade, com Bruno Fernandes a entrar de início e uma frente de ataque com Bernardo Silva, Gonçalo Ramos e João Félix. Um teste, também em teoria, mas exigente, frente a uma equipa que também está qualificada para o Europeu, recheada com jogadores de categoria e que encontrou em Portugal um adversário ideal, uma vez que na fase final, vai ter de defrontar a Espanha e a Itália.

Portugal até entrou bem no jogo, assumindo, desde logo, o controlo, com um bloco bem subido e uma elevada posse de bola, instalando-se rapidamente no meio-campo croata, mas não foi preciso esperar muitos minutos para perceber que estava a cair numa armadilha. A Croácia fechava-se muito bem a defender, bloqueando o corredor central, com duas linhas bem juntas, deixando depois as alas abertas, mas muito condicionadas, permitindo que Portugal subisse, para depois atacar as suas costas.

Num primeiro instante, com uma pressão alta, Portugal até parecia estar a controlar a resposta croata, recuperando rapidamente a bola, mas o jogo mudou aos sete minutos, quando, numa série de ressaltos na área portuguesa, o árbitro assinalou uma suposta falta de Vitinha sobre Kovacic.  João Félix levou as mãos à cabeça, Vitinha «jurou» que não fez falta, mas Luka Modric, desde a marca dos onze metros, atirou a contar. Portugal entrava a perder no jogo.

Portugal não abanou, manteve a mesma toada, procurando chegar à frente, mas com uma intensidade muito baixa e de forma muito previsível, deixando a Croácia muito confortável a defender, com muita gente, para depois sair a jogar, em bloco, surpreendendo muitas vezes Portugal. Andrej Kramaric, supostamente no lado esquerdo do ataque, aparecia noutras zonas do terreno, baralhando as marcações portuguesas, enquanto Stanisic, descendo facilmente pelo corredor direito, aparecia muitas vezes nas costas de Nuno Mendes.

Logo a seguir ao penálti, Modric teve nova oportunidade para marcar, Lovro Majer também colocou Diogo Costa à prova, enquanto Portugal continuava a chocar contra a defesa croata, sem conseguir fazer qualquer mossa, nem visar a baliza de Livakovic. A Croácia, cada vez mais confortável no jogo, foi aprimorando as transições e chegou a investir com quatro jogadores contra apenas dois portugueses, valendo a Portugal uma rápida recuperação de Bruno Fernandes para evitar um segundo golo.

O intervalo chegou a voar sem que Portugal conseguisse assustar Livakovic e com um resultado muito lisonjeiro para a Croácia que podia ter, nesta altura, uma vantagem bem mais confortável.

Sol rompe as nuvens negras no Jamor

Portugal demorou a regressar para a segunda parte, deixando a Croácia à espera, enquanto Roberto Martínez dava indicações à equipa e promovia quatro alterações para o arranque da segunda parte, mudando as duas laterais, com as entradas de Nélson Semedo e João Cancelo, e mexendo também no ataque, prescindindo de João Félix e Gonçalo Ramos, muito apagados na primeira parte, para lançar Rafael Leão e Diogo Jota. O jogo mudou do dia para a noite, literalmente, porque as nuvens negras que deixaram o Jamor na sombra na primeira parte, deram lugar a um sol reluzente na segunda.

Mudanças que vieram acompanhadas por um golo logo a abrir, com Portugal a chegar ao empate na primeira oportunidade do segundo tempo. Bernardo Silva, com dois adversários pela frente, fez um compasso de espera e lançou Nélson Semedo para o ataque à linha, com o lateral do Wolverhampton a cruzar para Diogo Jota encostar. Simples e extremamente eficaz. Portugal estava definitivamente diferente, para melhor, com Rafael Leão, sobre a esquerda, a obrigar a defesa croata a esticar o jogo e a deixar mais espaços para Bernardo, Vitinha e Bruno no corredor central.

Portugal criou, depois, uma série de oportunidades para virar o jogo, mas foi a Croácia que recuperou a vantagem, curiosamente, também logo após as primeiras alterações promovidas por Zlatko Dalic, com dois dos três jogadores que entraram, com ação direta neste segundo golo da equipa dos quadradinhos. Perisic cruzou, Pasalic rematou com estrondo à trave e Budimir, na recarga, marcou de cabeça, com a defesa portuguesa aos papéis, a pedir fora de jogo. 

Portugal estava melhor, de facto, mas com o passar dos minutos voltou a evidenciar os mesmos problemas. Rafael Leão continuava a forçar o lado esquerdo, mas voltava a faltar intensidade e a Croácia voltava a adivinhar facilmente toas as movimentações dos portugueses. A Croácia voltou a crescer no jogo e até esteve perto do terceiro golo, por Perisic e Susic. Roberto Martínez ainda procurou abanar o ataque, com a entrada de Pedro Neto, mas Portugal estava, mais uma vez, sem ideias para contrariar a boa consistência que os croatas apresentaram ao longo de todo o jogo.

Bruno Fernandes e Rúben Dias ainda estiveram perto de empatar o jogo nos instantes finais, mas ficou definitivamente consumada a segunda derrota em catorze jogos na era de Roberto Martínez, depois do desaire frente à Eslovénia (0-2), em março passado, e, acima de tudo, a indicação que há ainda muito trabalho para fazer até à estreia na fase final, no próximo dia 18, frente à Chéquia.

Na próxima terça-feira há um último teste, já com Cristiano Ronaldo, frente à República da Irlanda.