Carlos Martins: também é «artista»
Disse que queria jogar na posição de João Pinto, Fernando Santos torceu o nariz, mas acabou por lhe fazer a vontade. A verdade é que rendeu como nunca. Jogou no apoio aos dois avançados ¿ Liedson e Lourenço ¿ e soube aproveitar os espaços que os seus companheiros criaram com constantes movimentações. Foi experimentando o seu forte remate desde a zona frontal e a sorte acabou por lhe sorrir num desvio de Marco Almeida que traiu Yannick. Fez ainda de Pedro Barbosa, marcando todos os pontapés de canto do lado esquerdo. Saiu a meio da segunda parte sob intensos aplausos dos adeptos.
Rochemback: no papel de Custódio
Jogou ligeiramente mais recuado e assumiu o papel que habitualmente cabe a Custódio. Defendeu à frente dos centrais, mas subiu frequentemente até à entrada da área ribatejana para experimentar o seu forte pontapé. Neste capítulo, destaque para o «míssil» que disparou aos 16 minutos que obrigou Yannick a uma grande defesa junto à barra. No centro do terreno bateu-se como um leão e nunca deu uma bola como perdida. Voltou a ter o golo nos pés, aos 78 minutos, com um remate cruzado da direita, que passou a poucos milímetros do segundo poste, e ofereceu o segundo golo a Liedson na marcação de um livre em arco.
Tinga: ao segundo olhar
Num olhar desatento, a primeira ideia que passa é que se trata de um jogador lento e trapalhão. Puro engano. Ocupa muito bem os espaços vazios e oferece mil e uma soluções de passe aos seus companheiros. Só assim é que o Sporting pôde apresentar o futebol apoiado, ao primeiro toque, como se de uma «peladinha» se tratasse. Tal como Carlos Martins e Rochemback, também experimentou, sempre que pôde, o pontapé de longe.
Vargas: foi bom, mas acabou cedo
Está em boa forma e apresentou-se motivado com os dois golos que marcou ao Estrela na jornada anterior. Nos primeiros minutos ainda provocou alguns calafrios à defesa leonina, com destaque para uma finta sobre Polga e um remate colocado que obrigou Ricardo a defesa de elevado grau de dificuldade. No entanto, sem o apoio dos seus companheiros e com Tello pela frente, foi perdendo protagonismo. Só voltou a aparecer num remate na esquerda depois de uma boa assistência de Rodolfo Lima.
Defesa do Sporting
Um perfeito bailado. Tirando uma fífia de Polga, que deixou escapar Vargas em zona proibida, logo nos minutos iniciais, o quarteto defensivo realizou uma exibição imaculada. Jogaram em linha, com movimentos sincronizados, fixando quase todo o jogo no campo do Alverca. Destaque ainda para as iniciativas de Beto que, perante as cerradas marcações dos ribatejanos, pegou diversas vezes na bola e foi por ali fora, em «drible», galgando terreno e abrindo o jogo para os seus companheiros.
Centrais do Alverca
José Couceiro tinha dito que vinha a Alvalade jogar ao ataque, mas a verdade é que apenas se deu pela defesa ribatejana. Amoreirinha, Marco Almeida e Veríssimo tiveram uma noite de intenso trabalho. Grande parte do jogo desenrolou-se em redor da área ribatejana, com muitas bolas a sobrevoar a grande-área e só pela boa concentração dos três centrais é que o Sporting não conseguiu o golo da tranquilidade mais cedo. O capitão Veríssimo acabou por ter a exibição manchada ao ser expulso por uma alegada agressão a Niculae. Mas o árbitro assistente terá talvez a responsabilidade maior do lance, pois foi ele quem disse a Nuno Almeida «o que viu».
15 mar 2004, 23:16