Nada mau. O primeiro teste para a fase final do Euro2024, depois de confirmados os eleitos de Roberto Martínez, não correu mesmo nada mal. Apenas com dois dias de treino, depois de uma semana de férias, os jogadores apresentaram-se praticamente a jogar de olhos fechados para este primeiro jogo. De olhos fechados porque jogaram já extremamente entrosados, mas também porque mostraram uma concentração e empenho máximos. Depois dos três primeiros golos, Portugal ainda apanhou um susto, com Pukki a bisar no jogo em quatro minutos, mas ainda foi a tempo de redimir-se e fechar o jogo com mais um golo.

Confira o FILME DO JOGO

Para este primeiro teste, com mais de quarenta mil adeptos nas bancadas, Roberto Martínez apostou num onze muito móvel, ou melhor, flexível, como diz o selecionador, tirando máximo proveito da polivalência de alguns jogadores, para apresentar uma equipa em constante mutação sobre o relvado, com natural destaque para a estreia de Francisco Conceição como titular no ataque, sobre o lado direito, onde tantas vezes jogou o pai Sérgio há mais de vinte anos.

Apresentou também uma defesa com uma linha de quatro, mas que se transformava em três, com as subidas de João Cancelo e, sobretudo, de Nuno Mendes, com João Palhinha a recuar para o eixo. No meio-campo, além do jogador do Fulham, jogaram ainda dois baixinhos em grande forma, João Neves e Vitinha, com o primeiro a despejar sobre o relvado a garra que mostrou esta época no Benfica, e o segundo a esbanjar a classe que o levou a ser eleito para o onze da Liga dos Campeões.

No ataque, três setas, com Francisco «espalha-brasas» Conceição sobre a direita, ao seu estilo habitual, Diogo Jota a romper no meio e Rafael Leão, sobre a esquerda, a derivar muitas vezes para o centro, empurrado por Nuno Mendes. Um onze extremamente móvel que, em dois tempos, com uma boa rotação da bola, obrigou a Finlândia a recuar em toda a linha na defesa da sua área. Portugal chegava facilmente ao último terço, mas depois tinha um mar de pernas à frente da baliza de Hrádecky.

Não surpreendeu, por isso, que o primeiro golo, aos 18 minutos, tenha chegado de uma bola parada. Canto marcado por Vitinha, que esteve em quase todos os lances de bola parada, para o segundo poste, onde surgiu Rúben Dias, a baixar-se, para cabecear para as redes. Estava desbloqueado o marcador em Alvalade.

Um golo que tranquilizou Portugal, que passou a trocar a bola com mais qualidade, agora também com o flanco direito a aparecer no jogo, com Francisco Conceição a provocar desequilíbrios e a levar tudo à frente. Diante de uma Finlândia cada vez mais encolhida, Portugal multiplicou-se em oportunidades e faltou-lhe apenas um pouco mais de estatura na área para rematar mais vezes. Ainda assim, já com a primeira parte a chegar ao fim, Conceição voltou a arrancar pela direita e ficou a pedir um penálti, devido a um corte com o braço de um adversário, que acabou por ser confirmado pelo VAR. Na marca dos onze metros, Diogo Jota, com classe, fez o 2-0.

Golaço de Bruno Fernandes e um alarme chamado Pukki 

Para o segundo tempo, Roberto Martínez mudou meia equipa, lançando Diogo Dalot e Gonçalo Inácio para a linha defensiva, Bruno Fernandes para o meio-campo e Pedro Neto e Gonçalo Ramos para o ataque. Portugal entrou com um novo bloco, ainda mais subido, encostando, logo a abrir, a Finlândia às cordas, montando um cerco total à área finlandesa. Bruno Fernandes, Vitinha e João Neves tomaram totalmente conta do meio-campo, enquanto Dalot e Cancelo alargavam o jogo ao máximo sobre as linhas.

As oportunidades sucederam-se a um ritmo de tirar a respiração, até que Bruno Fernandes levantou o estádio, com um remate colocado de fora da área, a levar a bola ao ângulo. Um grande golo a encerrar um dos melhores lances deste jogo, com a bola a passar por quase toda a equipa, até chegar a Francisco Conceição que, na área, atrasou para o espetacular remate do jogador do Manchester United.

Portugal começava a deslumbrar, mas levantou o pé e foi subitamente surpreendido. Num ataque que parecia inofensivo, Teemu Pukki, jogador que chegou a dar cartas na Premier League [atualmente a jogar nos EUA], passou por Gonçalo Inácio e picou a bola sobre José Sá. Simples e tremendamente eficaz. Inesperadamente, a Finlândia reduzia a diferença e reentrava no jogo. Foi nesta altura que Martínez lançou Danilo Pereira, um dos campeões de 2016, para a contenda, para o lugar de Palhinha.

Portugal procurou reagir rápido, voltou a subir as suas linhas e, quatro minutos depois, voltou a ser surpreendido com novo golo da Finlândia, novo golo de Pukki, que aproveitou a passividade da defesa portuguesa para bisar neste jogo. Inacreditável. Portugal parecia estar a caminhar a passos largos para uma goleada, mas foi quase ao tapete com dois golos de Pukki. Roberto Martínez, nesta altura, não podia estar satisfeito.

Os adeptos voltaram a puxar por Portugal que voltou a carregar sobre a área de Hrádecky, com autoridade. Francisco Conceição teve o quarto golo dos pés, depois de um bom lance de Pedro Neto, mas foi Bruno Fernandes, sempre no sítio certo, a bisar no jogo, mais uma vez com assistência do irrequieto Francisco Conceição. O remate do capitão da seleção mais parecia um passe, com a bola a entrar, colocada, junto ao poste.

Com os adeptos a pedirem o tradicional «só mais um», Portugal teve novas oportunidades para redimir-se dos dois golos consentidos, com Francisco Conceição, sempre em jogo, sempre em pé, a arrancar mais aplausos de Alvalade. Não houve mais golos, mas ficou uma boa imagem neste novo arranque para a fase final. Agora há que afinar a máquina e manter o foco os 90 minutos. A Finlândia também serviu para mostrar que a concentração tem de estar sempre num nível máximo.

O jogo acabou com todos os jogadores a darem um abraço a Francisco Conceição. Está adotado e faz parte do grupo.

Segue-se agora a Croácia, já no próximo sábado, desta vez, no Estádio Nacional.