Levou o Sp. Braga a discutir o título nacional quase até ao fim, quebrou recordes e fez história no Olympiakos, apesar da saída misteriosa e inexplicável de Atenas. Leonardo Jardim é campeão grego e diz, em grande entrevista ao Maisfutebol, que a Portugal só volta para treinar um dos três grandes.

Depois do Sp. Braga, só volta a Portugal para treinar um dos três grandes?

«Faz sentido pensar assim. A minha carreira tem tido uma trajetória ascendente, com sucesso. Sendo assim, não gostaria de voltar atrás. Acredito que em Portugal as minhas opções de futuro passam por esses três clubes, não pondo de parte, naturalmente, a continuidade no estrangeiro. Não estou amarrado só ao mercado português. A profissão de treinador é cada vez mais global. O que pretendo é um bom projeto. Estou à espera».

Um clube que esteja na Liga dos Campeões seria ainda mais irresistível?

«Os meus últimos anos têm sido giros, sempre com novidades. Esta época joguei a Champions e a liga grega; o ano passado joguei a Liga Europa; há dois anos experimentei a I Liga; há três anos joguei pela primeira vez a II Liga e a Taça da Liga. Antes disso tinha jogado a II B e a Taça de Portugal. Cada ano tem sido uma novidade».

E como foi jogar pela primeira vez a Liga dos Campeões?

«No ano de estreia na Champions fizemos nove pontos em 18 possíveis, num clube que não era candidato sequer a ficar em terceiro lugar no grupo. Tínhamos o campeão francês [Montpellier], o Schalke 04 e o Arsenal. Ficámos à frente do Montpellier e qualificámo-nos para a Liga Europa. Fiquei satisfeitos com os resultados.

Enquanto madeirense como olha para o fenómeno-Cristiano Ronaldo?

«A Madeira sente orgulho por todos os seus filhos que atingem patamares altos na sua atividade. Seja na música, no futebol ou na moda. Há vários madeirenses em plano de destaque. O Cristiano tem uma dimensão incrível e os madeirenses têm um orgulho especial por tudo aquilo que tem conquistado».

Está surpreendido com a diferença de quatro pontos entre Benfica e Porto?

«Não, não é uma diferença grande e ainda jogam entre si. Estou é surpreendido por o campeonato ficar tão cedo entregue a duas equipas. No ano passado estávamos em primeiro a cinco rondas do fim. Braga e Sporting deviam estar mais perto.

Conhece bem o Sp. Braga. As condições que envolvem o clube permitem olhá-lo já como um candidato ao título?

«É difícil o Sp. Braga preparar uma época com o objetivo de ser campeão. O que tem feito nos últimos anos é o caminho certo: partir com a Liga dos Campeões em mente. O que for conseguido acima disso é sempre bom. Se os três grandes estiverem ao melhor nível é complicado ver o Braga no pódio da Liga. Tem-no conseguido à custa do Sporting».

A médio/longo prazo olha com interesse para o cargo de selecionador nacional?

«Apaixona-me mais o trabalho diário num clube, mas a seleção também pode ser apaixonante. O trabalho essencial não é tanto de organização, mas mais de gestão dos recursos humanos. Não ponho de parte um dia ser selecionador de algum país. Agora não penso nisso».

Passa-lhe pela cabeça a não qualificação de Portugal para o Mundial?

«Não, Portugal vai estar no Mundial e vai qualificar-se da forma que se tem qualificado nos últimos anos [play-off]».

Vai treinar em Portugal na próxima época?

«Sinceramente, ainda não sei. Acho que a maior percentagem de possibilidades aponta para o estrangeiro. Em Portugal o grupo de clubes possíveis para mim é reduzido».