O Sp. Braga discutiu ombro a ombro com F.C. Porto e Benfica o título nacional de 2011/2012. Leonardo Jardim levou o clube ao terceiro posto e à pré-eliminatória da Liga dos Campeões. «Não foi suficiente para continuar», diz em entrevista ao Maisfutebol.

A mágoa pela decisão de António Salvador é evidente. «O tempo deu-me razão. Têm menos 15 pontos do que tinham na época passada comigo».

Foi injustiçado em Atenas?

«O tempo está a dar razão ao meu trabalho. O clube nunca tinha perdido no campeonato e já perdeu; nunca tinha perdido pontos em casa e já empatou. Na Liga Europa tínhamos apostado ir longe, porque a situação no campeonato permitia-me gerir o plantel e ter a equipa fresca. Foram, entretanto, eliminados pelo Levante, um clube de terceiro nível em Espanha. Os próprios jornais gregos escrevem que o Jardim saiu e a equipa piorou».

Como reagiram os apaixonados adeptos do Olympiakos à sua saída?

«Fiquei mais uma semana em Atenas e muita gente falou comigo na rua. Pensavam que eu tinha um acordo com outro clube e eu explicava-lhes que não, não tinha sido nada disso. Fiquei surpreendido porque estava a apresentar resultados e a cumprir os objetivos do clube. Enfim, depois do que vivi nos dois últimos anos já duvido que seja só isso que o treinador tem de apresentar. Não entendo».

Diz isso porque a sua saída do Sp. Braga também foi anormal?

«Sim. Foi outra surpresa. Tão grande como a do Olympiakos. Entrei no Sp. Braga e o plantel foi completamente reformulado. Ficaram apenas quatro jogadores da equipa-base: Lima, Hugo Viana, Mossoró e Alan. Perdi os restantes e rentabilizei os que jogavam menos: Custódio, Hélder Barbosa, Elderson e adaptei o Leandro Salino a lateral direito. Estivemos até à 25ª jornada a discutir o título nacional, qualificámos a equipa para a Champions, perdemos a meia-final da Taça da Liga em penaltys, na Taça de Portugal fomos eliminados em Alvalade e na Liga Europa fomos aos 16-avos-de-final. Pelos vistos não foi suficiente para continuar em Braga. Respeito, mas o tempo uma vez mais dá-me razão.

O Sp. Braga também não melhorou com a sua saída, é isso?

«Tem menos 15 pontos do que tinha comigo nesta altura».

Treinou o Paulo Machado na Grécia. Ele já saiu há alguns anos de Portugal. Que tipo de jogador é nesta altura?

«É um médio interior direito, pode jogar mais na linha ou por dentro. É um jogador de equipa, de trabalho. Tem atitude competitiva, é forte nas bolas paradas e ajudou muito a nossa equipa nisso. Do lado esquerdo batia os livres todos. Chegou ao Olympiakos como o nome mais sonante dos reforços e está a fazer uma grande época. As chamadas à seleção são consequência disso. É um jogador que faz sentido ver num grande clube português».

O plantel tinha 11 nacionalidades. Comunicava em inglês no balneário?

«Não. Era um processo curioso. 40 por cento percebia português ou espanhol e com esses falava eu diretamente; metade do plantel falava grego e havia um tradutor; os outros quatro ou cinco falavam em inglês também comigo. Era difícil, mas foi uma experiência positiva. No futuro terei de ter mais cuidado num aspeto: o tradutor tem de ser uma pessoa da minha confiança e não do clube. Muitas vezes fiquei com a sensação que as traduções não iam de encontro ao que eu pretendia.

Quando as coisas não corriam bem como é que demonstrava a sua insatisfação?

«Simbologia, desenho, reações, tudo isso era mais importante do que as palavras. Tinha de ser mais expressivo».