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Os 10 e os deuses (nº 27): Teófilo Cubillas

«El Nené» foi o Pelé peruano, e isso diz quase tudo.

O 10 sempre foi mais do que um número, um dorsal, mais até do que uma posição em campo. O 10 era o craque, o líder incontornável do ataque. Criador e, muitas vezes, também finalizador. No passado, muitas vezes o 10 era o 10, outras camuflava-se noutros números. «Os 10 e os deuses» recupera semanalmente a história destes grandes jogadores do futebol mundial. Porque não queremos que desapareçam de vez. 

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Teófilo Cubillas. Um dos melhores jogadores da história. Um Dez, com veia goleadora, capaz de jogar tanto dentro da área como fora dela, a criar os ataques da equipa, muitas vezes em tabelas com os companheiros. Exímio a gerir os ritmos, é hábil tanto a adormecer um jogo como a acender-lhe o rastilho, bem como letal na transformação de bolas paradas. Genial aquele livre à Escócia no Mundial de 1978, marcado de trivela ao poste mais próximo, mais isso fica para depois.

É, ao mesmo tempo, um criativo genial, com uma visão de jogo periférica, e um goleador cheio estilo, de meias a meia-haste, a pisar leve, com classe. Torna-se rapidamente o maior de sempre no Peru, maior do que o Peru. Um dos maiores, repita-se, na era de Pelé e Eusébio.

Nasce em Lima, inicia-se no Huracán Boys e é arrasador no embate com o clube de coração, o Alianza Lima. Deixa tamanha impressão que é chamado pelo rival. Cresce nas camadas jovens e chega à equipa principal, com cara de miúdo e sem barba. Chamam-lhe El Nené («o bebé»), e Cubillas pouco se importa. Aos 17 anos, torna-se o goleador mais novo do campeonato com 19 golos. Aos 19, chega à seleção, no ano seguinte marca o primeiro golo no 2-1 à Colômbia.

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Didi, campeão do mundo pelo Brasil em 1958 e 62 e que treinava o Peru, é incansável a ajudar o menino, que aprende a rematar bem com ambos os pés e a marcar livres. Didi tinha inventado a folha-seca e sabia muito bem do que ensinava.

O maior de sempre no Peru.

O Peru apresenta a melhor geração de sempre. Há Hugo Sotil. Orlando de la Torre. Ramón Miffin. Pedro León. Roberto Challe. Héctor Chumpitaz. Julio Baylon. Juntos, eliminam a Argentina de Basile e Yazalde no apuramento para o Mundial, qualificando-se ao lado de Brasil e Uruguai. Cubillas tem 21 anos.

A estreia é antecedida por um sismo no Peru, que mata 80 mil pessoas. Entre desejos de desistência e exigências do Governo para que continue, a seleção vê-se a perder por 2-0 já na segunda parte frente à Bulgária. Cabe a Cubillas, depois de uma série de dribles bem sucedidos, completar a reviravolta. Seguem-se mais dois golos e uma assistência, de calcanhar, frente a Marrocos (3-0). Já qualificado, o Peru perde a seguir com a Alemanha (3-1) com mais um golo de... Adivinharam!

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Segue-se o Brasil. Seguem-se Pelé, Tostão, Gerson, Rivelino, Jairzinho e Carlos Alberto. O Peru cai por 4-2, em tarde infeliz da defesa. Cubillas marca o segundo, que vale o 3-2 e dá esperança até ao quarto do Escrete, assinado por Jairzinho, matar o jogo. Prémio Fair-Play para o Peru, Bota de Bronze e Prémio de Melhor Jogador Jovem para Cubillas.

Goleador da Libertadores em 1972, é eleito melhor jogador da América do Sul. O Peru falha o apuramento para o Mundial de 74, precisamente no melhor momento de Cubillas, com o craque de fora do jogo decisivo com o Chile (2-1).

Os suíços do Basileia contratam-no em 1973, mas a língua e o clima são difíceis de ultrapassar. Seis meses depois chega ao Porto e ao FC Porto, ao serviço do qual aponta 65 golos em 108 jogos oficiais, mas que não se refletem em títulos. A Taça de Portugal de 1977 já é festejada depois de El Nené ter regressado a casa.

A estreia pelo FC Porto, recordada no blog «Memória Portista».

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Antes, já Cubillas festejara o único título pela seleção: a Copa America de 1975. Depois de ultrapassar Chile e Bolívia, vinga-se do Brasil nas meias-finais e bate a Colômbia no jogo decisivo. O Peru não ganhava o troféu desde 1939, e Cubillas é eleito melhor jogador.

De regresso a casa, carrega o Alianza Lima até ao bicampeonato e a seleção até ao Mundial de 1978, na Argentina. Com a base de 70, e Cubillas em bom momento, ultrapassa a Escócia na estreia. Uma assistência e dois golos, um com um fantástico livre direto, de génio. Segue-se um nulo com a Holanda e a goleada ao Irão, agora com um hat-trick do nosso Dez.

Na segunda fase, o descalabro: derrotas de 3-0 frente ao Brasil e 1-0 com a Polónia. Já eliminado, se o Peru não perdesse por mais de três golos apurava-se o Brasil, se fosse goleado seguia em frente a Argentina. Ninguém acredita, mas os argentinos vencem por 6-0, com bis de Kempes e Luque, e golos de Tarantini e Houseman. Nasce a teoria das conspiração, que cai em cheio em cima de Quiroga, guarda-redes nascido no País das Pampas. Cubillas prefere elogiar o rival, futuro campeão do mundo. Vence a Bota de Prata.

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Seguem-se os Estados Unidos, e o Fort Lauderdale Strikers. Marca mais 65 golos em 141 jogos, entre 1979 e 1983, e paralelamente ajuda o Peru a chegar a mais uma fase final. Desta vez, cai na primeira fase: empates com Camarões (0-0) e Itália (1-1), e goleada sofrida frente à Polónia (5-1).

Em 1986, com 36 anos, veste a camisola do Alianza Lima para uma primeira despedida. Despede-se um grande, que esporadicamente ainda faz mais um jogos no Peru e nos Estados Unidos, antes de se retirar definitivamente três anos depois.

Cubillas. Lenda.

Algumas imagens com os melhores momentos:

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Aquele livre à Escócia:

Documentário da ESPN (1ª parte):

Documentário da ESPN (2ª parte):

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Teófilo Juan Cubillas Arizaga 8 de março de 1949 1966-1972, Alianza Lima, 175 jogos, 117 golos 1973, Basel, 10 jogos, 3 golos 1974-1977, FC Porto, 85 jogos, 48 golos 1977-78, Alianza Lima, 47 jogos, 35 golos 1979-1983, Fort Lauderdale Strikers, 139 jogos, 65 golos 1984, Alianza Lima, 4 jogos, 4 golos 1984-1985, South Florida Sun, 7 jogos, 5 golos 1987-88, Alianza Lima, 13 jogos, 3 golos 1988, Fort Lauderdale Strikers, 12 jogos, 7 golos 1989, Miami Sharks, 8 jogos, 1 golo

Peru, 81 jogos, 26 golos

1 Copa América (Peru, 1975) 2 campeonatos peruanos (Alianza Lima, 1977 e 1978) 1 Taça de Portugal (FC Porto, 1976-77) 2 United Soccer Leagues (Fort Lauderdale Sun, 1984 e 1985)

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Alguns títulos individuais: Melhor marcador campeonato peruano: 1966 e 1970 Melhor Jogador Jovem do Mundial 1970 Bota de Bronze Mundial 1970 Melhor marcador da Taça dos Libertadores da Amética (1972) Futebolista do Ano na América do Sul (1972) Equipa All-Star da CONMEBOL (1973) Melhor jogador da Copa América (1975) Bota de Prata do Mundial 1978 Equipa All-Star do Mundial 1978 Top 100 melhores jogadores em Campeonatos do Mundo («France Football», 2000) 100 melhores jogadores de todos os tempos («World Soccer», 2000) 100 melhores jogadores do Século («Placar», 2000) 100 melhores jogadores em Mundiais («Placar», 2000) FIFA 100 (2004)

Primeira série:

Nº 1: Enzo FrancescoliNº 2: Dejan SavicevicNº 3: Michael LaudrupNº 4: Juan Román RiquelmeNº 5: ZicoNº 6: Roberto BaggioNº 7: Zinedine ZidaneNº 8: Rui CostaNº 9: Gheorghe HagiNº 10: Diego Maradona

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Segunda série:

Nº 11: Ronaldinho GaúchoNº 12: Dennis Bergkamp Nº 13: RivaldoNº 14: DecoNº 15: Krasimir BalakovNº 16: Roberto RivelinoNº 17: Carlos ValderramaNº 18: Paulo FutreNº 19: Dragan StojkovicNº 20: Pelé

Terceira série:

Nº 21: Bernd SchusterNº 22: Nándor HidegkutiNº 23: Alessandro Del PieroNº 24: Gianfranco ZolaNº 25: KakáNº 26: Lothar Matthäus

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