Depois de triunfos nos dois primeiros jogos, Portugal perdeu frente à Geórgia por 2-0 no fecho do grupo F. É certo que não apaga o que ficou para trás, mas serve para arrancar os portugueses das nuvens.

Revolução, gritou Martínez. Diogo Costa, Palhinha e Ronaldo foram os únicos que mantiveram a titularidade em relação ao último jogo. O desenho tático também mudou, visto que a «equipas das Quinas» recuperou o 3x4x3 apresentado com a Chéquia.

Do outro lado esteve a Geórgia, uma seleção que jogou com uma faca entre os dentes – como se fosse sul-americana. Os «Cruzadores» lutaram por todas as bolas, disputaram todas as divididas, enfim, não deram um lance por perdido. E foram tremendamente felizes.

A ideia dos georgianos era clara e percebeu-se desde o apito inicial: esperar pelo adversário no 3x5x2 e contra-atacar à mínima oportunidade. Foi, de resto, assim que nasceu o golo de Kvaratskhelia. António Silva errou, a Geórgia saiu rápido e Mikautadze serviu «Kvaradona» para o 1-0.

Dois, três toques e golo. Às vezes o futebol é simples, não é?

Entrada em falso da seleção portuguesa. Em desvantagem desde o segundo minuto de jogo, Portugal nunca encontrou soluções para desmontar o puzzle que tinha pela frente. Francisco Conceição e Félix foram os únicos que tentaram agarrar o encontro pelos colarinhos, mas sem sucesso.

A maioria do tempo a Seleção não teve rasgo. Foi um futebol cinzento sem capacidade para verdadeiramente colocar em sentido os georgianos. No fundo não houve espalha-brasas em Gelsenkirchen, apenas pequenos fogachos. Francisco Conceição ainda acertou na malha lateral enquanto Félix ensaiou dois remates de fora da área. Por sua vez, Ronaldo teve apenas uma oportunidade de finalização, servido com classe por Palhinha, mas não foi lesto a executar.

O capitão não escondeu a frustração ao intervalo depois de uma primeira parte em que Portugal teve mais bola, mais canto, mais remates, enfim, ganhou em todos os itens estatísticos menos no que mais importa.

Roberto Martínez deixou Palhinha no balneário (estava em risco de suspensão) e a equipa nacional começou melhor com duas situações boas para marcar por Ronaldo e Danilo após canto. Na resposta, a Geórgia por pouco não fez segundo num lance em todo idêntico ao do 1-0.

O jogo pareceu escapar em definitivo a Portugal ainda antes dos 60 minutos. António Silva dividiu uma bola na área com Lochoshvili, o jogo prosseguiu, Dalot obrigou Mamardashvilli à defesa da noite. Porém, o árbitro puxou a cassete atrás, reviu o lance na área lusa e decidiu-se pela marcação de penálti. Mikautadze marcou o segundo golo georgiano e confirmou a noite horrível de Portugal na Arena Auf Schalke.

António Silva foi substituído pouco depois juntamente com Ronaldo (pontapeou uma garrafa após cumprimentar Martínez). E pouco depois, saíram João Neves e Pedro Neto. Gonçalo Ramos, Diogo Jota, Nelson Semedo e Matheus Nunes foram a jogo e Portugal deu sinais de ligeiras melhorias com duas ocasiões já na etapa final.

Por seu turno, a Geórgia também teve as suas oportunidades e ameaçou avolumar o marcador. Valeu a Portugal, porém, a falta de acerta e má definição dos «Cruzadores». Foi histórico para os georgianos que, na estreia em Europeus, chegam pela primeira vez aos oitavos de final.

E para Portugal fica uma lição se quiser voltar a fazer história.