Incrível. A Inglaterra estava a um minuto de ir mais cedo para casa quando Jude Bellingham improvisou uma bicicleta e levou o jogo para prolongamento onde Harry Kane acabou por garantir o bilhete para os quartos de final. A Eslováquia esteve muito perto de afastar o segundo finalista do último Europeu, mas já não teve fôlego para travar os ingleses que, na próxima fase, vão medir forças com a Suíça.

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A Eslováquia, tal como tinha feito nos três primeiros jogos, marcou primeiro, por Schranz, diante de uma Inglaterra miserável nos primeiros 45 minutos. A equipa de Gareth Southgate melhorou a olhos vistos na segunda parte, mas só conseguiu chegar ao empate, no último minuto de compensação, aos 90+4, com uma bicicleta que entra diretamente para os anais da história do futebol inglês. Logo a abrir o prolongamento, Harry Kane cabeceou para os quartos, numa altura em que a Eslováquia já tinha perdido totalmente o fôlego.

A primeira parte foi, de facto, desesperante para os milhares de adeptos ingleses que preencheram boa parte das bancadas do Estádio do Schalke, em Gelserkirchen, onde há vinte anos o FC Porto de José Mourinho sagrou-se campeão da Europa. A Inglaterra assumiu, desde logo, as rédeas do jogo, mas não foi preciso esperar muitos minutos para se perceber as limitações da equipa inglesa que trocava a bola junto à área de Pickford, mas, depois, não tinha soluções para contornar as duas linhas de quatro da Eslováquia, coordenadas por Lobotka, que anulava qualquer tentativa dos ingleses de conseguirem profundidade.

A solução passava, invariavelmente, por pontapés longos, que a defesa eslovaca controlava com facilidade e agradecia. Gareth Southgate fez apenas uma alteração na equipa, prescindindo de Gallagher para lançar Kobbie Mainoo que, com 19 anos e 72 dias, passou a ser o jogador inglês mais jovem a jogar numa fase final, mas a verdade é que a seleção dos três leões não conseguia estabelecer qualquer ligação entre setores e só conseguiu criar oportunidades em lances de bola parada.

A Eslováquia, por seu lado, tinha muito menos bola, mas, quando a tinha, sabia muito bem o que fazer, conseguindo facilmente profundidade pelos corredores, sobretudo pela esquerda, por onde subia Haraslín nas costas de Kyle Walker. A seleção inglesa era um deserto de ideias, com Foden, Bellingham, Saka e Kane desamparados na frente, sem que os companheiros conseguissem fazer a bola lá chegar.

A Eslováquia, sempre com mais intensidade, quando tinha a bola, acabou por chegar ao golo, aos 25 minutos, num lance simples, mas extremamente eficaz, com Sterlec, sobre a direita, a destacar Schranz que invadiu a área e bateu Pickford. Um golo muito festejado pelos eslovacos, mas que pouco ou nada mudou a forma de jogar dos ingleses que continuaram a insistir nos mesmos movimentos até ao intervalo.

A segunda parte foi bem diferente. A Inglaterra acelerou o jogo, aumentou a intensidade e, em dois tempos, desenhou o melhor lance do jogo, até ao momento, e chegou ao golo por Phill Foden. Um golo muito festejado, até ser anulado, após intervenção do VAR, uma vez que o avançado do Manchester City estava adiantado. A verdade é que o jogo, sobretudo o da Inglaterra, estava diferente, com a equipa mais solta e a chegar facilmente à frente.

Nos minutos seguintes, Harry Kane também teve oportunidade para marcar e Declan Rice acertou com estrondo no poste, numa altura em que a Eslováquia começava a acusar o esforço e já não pressionava tão alto. Southgate reforçou, depois, o ataque com Cole Palmer, diante de um adversário cada vez mais recuado. A Eslováquia também podia ter feito o 2-0 num lance caricato em que a Inglaterra, na marcação de um livre, deixou a bola à disposição de Sretelc que, quase do meio-campo, tirou um chapéu longo a Pickford, mas a bola passou caprichosamente ao lado. 

No entanto, os minutos foram correndo para o final, para desespero dos adeptos ingleses que, depois do pesadelo de 2021, já se estavam a preparar para regressar mais cedo para casa. O árbitro deu cinco minutos de compensação e foi aos 94 que aconteceu magia. Num lançamento lateral de Kyle Walker, sobre a direita, Guéhi desviou de cabeça junto ao primeiro poste e Jude Bellingham improvisou uma bicicleta na área para o empate.

Inacreditável. Com apenas um minuto pela frente, a Inglaterra empatou o jogo e garantiu mais trinta para discutir a eliminatória diante de uma Eslováquia que já estava moribunda.

Logo a abrir o marcador, Harry Kane, de cabeça, completou a reviravolta que permite à Inglaterra continuar a sonhar. Depois não houve muito mais jogo. A Inglaterra, agora já satisfeita, recuou em toda a linha, na defesa da magra vantagem, enquanto a Eslováquia ainda conseguiu voltar a pressionar, mas já não voltou a marcar.

A Inglaterra segue, assim, para os quartos de final, mas terá de mudar muita coisa para ultrapassar uma Suíça que já deixou o campeão da Europa em título para casa.

Figura do jogo: Jude, o predestinado

Jude Bellingham é a figura incontornável deste jogo com uma bicicleta aos 90+4 que salvou a Inglaterra de um regresso prematuro para casa. O jogador do Real Madrid já estava a ser o melhor jogador inglês, numa exibição frente à Eslováquia que chegou a ser miserável. A perder em tempo de compensação, a Inglaterra ganhou nova vida com a tal bicicleta incrível de Bellingham, que começou num lançamento lateral de Kyle Walker.

Momento do jogo: Harry Kane abre caminho para os «quartos»

A bicicleta de Bellingham salvou a Inglaterra sobre o gongo, mas não assegurou a qualificação para os quartos de final, serviu apenas para os ingleses respirarem de alívio e garantir mais trinta minutos de jogo. Foi logo a abrir o prolongamento, num lance estranho, ao primeiro toque, que começou num remate inconsequente de Eze para, depois, Guéhi desviar de cabeça para Kane, também de cabeça, finalizar. Estava consumada a reviravolta e a Inglaterra não vem já para casa.