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Benfica: a vertigem do recomeço

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Benfica-Midtjylland

A estreia oficial do Benfica 2022/23, com a goleada ao Midtjylland, deu seguimento aos bons sinais da pré-temporada e alimentou a expectativa na Luz, o futebol de vertigem de Roger Schmidt a acelerar a promessa de mudança. É um Benfica a cortar laços com o passado recente, com uma nova identidade em construção, aquele que procura pôr fim a uma travessia no deserto de títulos e de esperança.

Passam exatamente três anos desde que o Benfica venceu um troféu pela última vez. Meses antes da vitória na Supertaça de 2019 frente ao Sporting, o Benfica tinha vencido o quinto título de campeão em seis épocas. O período de hegemonia no futebol nacional terminou aí. A reviravolta para o título de 2018/19 não chegou para dar crédito a Bruno Lage, que não terminou a época seguinte. O clube voltou literalmente ao passado, fazendo regressar Jorge Jesus, num processo que em boa medida está contado aqui. O Benfica continuou sem ganhar e seguiu-se a convulsão diretiva depois da detenção de Luís Filipe Vieira no verão de 2021. Rui Costa avançou e, depois de uma época dividida entre Jesus e o «bombeiro» Nélson Veríssimo que terminou com o terceiro lugar no campeonato, a rutura com o passado foi assumida.

Para isso, o Benfica foi buscar um treinador estrangeiro, pela primeira vez em década e meia. Não foi só a nacionalidade que distinguiu a escolha, mas o perfil de um treinador que interpreta como poucos uma filosofia e princípios de jogo capazes de mudar a identidade de uma equipa. Schmidt levou para a Luz o seu futebol intenso e audaz, uma vertigem de velocidade e pressão, com foco permanente na baliza.

Quando chegou, Schmidt já não tinha Darwin Nuñez, o goleador da Liga na época passada, que saiu para o Liverpool em novo negócio de enorme retorno para o Benfica. O avançado uruguaio foi a baixa mais relevante, mas a saída de Pizzi foi aquela que de facto simbolizou o fim de uma era no clube.

Everton Cebolinha, uma aposta de peso falhada, também deixou o clube, entre várias outras saídas. Seferovic, Ferro ou Svilar já não estão na Luz e ainda há vários jogadores com o futuro por definir. É um processo em curso de emagrecimento de um plantel claramente excedentário, entre permanências, reforços e regressos, do qual depende também aquilo que o Benfica ainda fará no mercado.

Para já, o Benfica aliou a busca por jogadores à medida das ideias do novo treinador, como o médio argentino Enzo Fernández, ao reforço de qualidade e de posições mais deficitárias. Foi buscar David Neres, uma certeza de talento, bem como o defesa central João Victor e os laterais Alexander Bah e Ristic. Ainda contratou Petar Musa, goleador do Boavista na época passada. A lista de compras não está completa, Ricardo Horta é alvo assumido e não será o único.

Como é regra no futebol português, nada está fechado também do lado das saídas, mesmo de jogadores que integram as primeiras escolhas de Schmidt. O treinador tem uma forma pragmática de lidar com o assunto: diz que tem de trabalhar com quem está. Foi isso que fez ao longo da pré-época. Liderou um grupo alargado de mais de 30 jogadores que incluía também vários jovens da formação, enquanto se focava rapidamente na definição de um núcleo duro, para melhor poder trabalhar as suas ideias. Fernández e Neres são os únicos reforços a entrar nessa equipa-base, mas ainda há Bah na primeira linha de opções. De resto, Schmidt recuperou e potenciou jogadores que tinham perdido espaço na Luz, como João Mário e Florentino.

Depois de uma pré-temporada de vitórias, a alimentar a confiança e com sinais positivos também em trabalho específico como as bolas paradas, o Benfica entrou na época a ganhar. É uma pequena amostra frente a um adversário modesto, e o jogo de Schmidt precisa de tempo para se consolidar. Da forma e do tempo em que conseguir fazê-lo, numa temporada que arranca desde logo com muito em jogo, dependerá o sucesso de um Benfica que procura voltar a vencer, mas que antes disso precisava de voltar a acreditar.

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Benfica campeão

Classificação da época passada:

Melhor classificação: 37 vezes campeão nacional

Presenças na I Divisão: 88

Objetivo: Voltar a ser campeão nacional ao fim de três anos

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Benfica-Midtjylland

Treinador: Roger Schmidt

Roger Schmidt cativou os adeptos do Benfica mal aterrou em Lisboa, quando disse ainda no aeroporto a frase que o marketing do clube rapidamente transformou em mote para imprimir em cachecóis: «Eu amo futebol e quem ama futebol ama o Benfica.» Esta história ainda está a começar, mas a chegada de Schmidt e da sua promessa de jogo apaixonado e intenso já levou sinais de mudança à Luz. Parafraseando outro lema promocional, a ilusão voltou.

O treinador de 55 anos levou para o Benfica uma ideia de jogo entusiasmante, a mesma que foi a sua imagem de marca em todos os clubes que treinou e onde o seu futebol seduziu, ainda que não se tenha traduzido na conquista de muitos troféus.

Schmidt teve um percurso fora do comum. Foi um futebolista mediano, continuou a estudar enquanto jogava, formou-se em engenharia mecânica e exerceu a profissão durante anos numa fábrica. Mas a paixão pelo futebol continuava lá e Schmidt passou a dividir-se entre o emprego e o campo. Estava a pensar desistir do futebol, que lhe roubava tempo para a família, quando um convite do Preussen Munster, da quinta divisão alemã, o levou a uma decisão radical. Deixou o emprego e tornou-se treinador.

O RB Salzburgo foi o projeto que lançou a carreira de Schmidt. No clube austríaco encontrou o contexto perfeito para pôr em prática a sua ideia de jogo. Em duas épocas, a última das quais terminou a vencer o campeonato e a Taça, Schmidt levou o clube austríaco a outro nível, antes de voltar à Alemanha para treinar o Bayer Leverkusen.

O futebol de Schmidt arrebatou adeptos e treinadores. Entre eles Pep Guardiola. «Treinadores como o Schmidt são bons para o futebol. Sou grande, grande fã desta equipa, deste treinador e do seu estilo de jogo», dizia em 2014 o catalão, então no Bayern Munique.

Schmidt foi coerente com as suas ideias em Leverkusen, de onde saiu a meio da terceira temporada, depois na China, onde treinou o Beijing Guoan, e a seguir no PSV Eindhoven, que treinou ao longo de duas épocas, antes de assinar pelo Benfica. Despediu-se com a vitória na Taça dos Países Baixos frente ao Ajax, o quinto troféu no seu currículo, para assumir o desafio de liderar um gigante de braços abertos para receber a sua promessa de qualidade, mas também sedento de vitórias.

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Banco de suplentes

Plantel

Clique aqui para ver o plantel completo

Entradas: Petar Musa (Boavista/Slavia Praga), Mihailo Ristic (Montpellier), Alexander Bah (Slavia Praga), David Neres (Shakhtar Donetsk), João Victor (Corinthians), Enzo Fernández (River Plate).

Saídas: Svilar (Roma), Valentino Lazaro (fim de empréstimo), Darwin Núñez (Liverpool), Everton (Flamengo), Radonjic (fim de empréstimo), Ferro (Vitesse, empréstimo), Haris Seferovic (Galatasaray, empréstimo), Tiago Gouveia (Estoril, empréstimo), Pizzi (Al Wahda).

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Benfica-Midtjylland

Atenção a: Enzo Fernández

«O Enzo só tem 21 anos, acabou de chegar, mas joga como se já estivesse no Benfica há muitos anos», observava Roger Schmidt depois da vitória do Benfica sobre o Midtjylland na corrida pelo acesso à Liga dos Campeões. Um bom resumo sobre o médio argentino que chegou à luz em alta rotação, a meio da temporada na Argentina, e que rapidamente se afirma como o médio de referência que o treinador procurava para interpretar em campo as suas ideias. Em poucas semanas, Enzo destacou-se com um futebol requintado que combina intensidade e simplicidade, além de um remate poderoso, de que é exemplo o golo que marcou na Luz na estreia oficial.

É a primeira experiência na Europa do miúdo que tem nome próprio de craque, inspirado no mítico Enzo Francescoli, ídolo eterno do River Plate. Foi no gigante argentino, o clube do coração de toda a família Fernández, que Enzo começou a jogar, desde criança. Franzino, o seu processo de crescimento nas camadas jovens do River não foi linear, mas também aí o jovem médio evoluiu.

Marcelo Gallardo chamou-o para junto da equipa principal quando Enzo tinha 17 anos e lançou-o pela primeira vez em março de 2020, num jogo da Taça Libertadores. Depois, recomendou que Enzo deixasse temporariamente o clube, para rodar e ganhar experiência. Assim foi. Enzo cresceu no Defensa y Justicia e ao fim de um ano, antes de terminado o período de empréstimo, o treinador do River chamou-o de volta. Agora, o médio já era uma certeza.

Foi referência do meio-campo do River ao longo de um ano, até o clube chegar a acordo com o Benfica para a sua transferência. A condição era que Enzo só sairia depois do final da campanha do River na Libertadores. Ela acabou nos oitavos de final, o que permitiu ao Benfica passar a contar com o jogador logo na preparação da temporada. Schmidt agradece.

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Genéricas Maisfutebol

Equipa-tipo

Vlachodimos;

Gilberto (Bah), Otamendi, Morato, Grimaldo;

Florentino, Enzo Fernández;

Neres, Rafa, João Mário;

Gonçalo Ramos

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