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A história de João Mário com o Inter: cinco anos de ligação, três empréstimos e um caso por resolver

Médio reencontra o clube com que manteve uma relação tão longa como irregular. A chegada numa época de pesadelo, o verão em que treinou à parte, o regresso a Alvalade e depois a rescisão, na véspera de assinar pelo Benfica, que levou o Sporting a avançar para os tribunais. Contas pendentes

Há um reencontro especial à vista no Benfica-Inter desta terça-feira que começa a decidir quem estará nas meias-finais da Liga dos Campeões. João Mário volta a defrontar o clube a que esteve ligado durante cinco anos, uma relação tão longa como irregular que terminou no verão de 2021. Quase dois anos depois, o médio que chegou a Milão como a segunda mais cara transferência da história do Inter reencontrou-se com o seu talento e o seu potencial e é figura maior da época do Benfica.

Na Luz, João Mário vive também uma fase de estabilidade rara na sua carreira. Aos 30 anos, esta é apenas a segunda vez que cumpre duas épocas seguidas no mesmo clube. Antes disso, só o conseguiu no Sporting precisamente antes da transferência para o Inter, no verão de 2016. O médio que começou a formação no FC Porto mudou-se aos 10 anos para o Sporting e passou por um empréstimo ao V. Setúbal, seis meses de crescimento que valeram o regresso a Alvalade. Foram duas épocas de afirmação, em paralelo com a seleção nacional. Foi depois da campanha no Euro 2016 que o Inter abriu os cordões à bolsa para contratar o médio recém consagrado campeão europeu.

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A maior transferência portuguesa e a segunda mais cara do Inter

João Mário deixou o Sporting num negócio de 40 milhões de euros mais cinco por objetivos, então a maior transferência de sempre não só dos leões mas também de um jogador da Liga portuguesa. Era um enorme investimento para o Inter, que tinha mudado de donos nessa época e passava a ser propriedade do grupo chinês Suning. Tornava-se o segundo jogador mais caro da história do clube italiano, atrás apenas de Cristian Vieri, quando trocou a Lazio pelos «nerazzurri» em 1999. O clube investiu forte nesse verão, com mais contratações de peso, entre elas o avançado Gabigol, que teria uma passagem curta por San Siro, antes de um empréstimo também fugaz ao Benfica.

Mas era um período de grande instabilidade para o Inter, que teve nada menos que quatro treinadores no banco nessa época. Roberto Mancini, que tinha conduzido a preparação da temporada e ainda antes de consumada a contratação elogiava João Mário e a sua capacidade de jogar em várias posições, rescindiu a duas semanas do arranque da temporada.

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Quatro treinadores e fora da lista da Europa na primeira época

Foi já com Frank de Boer como treinador que o Inter fechou a contratação de João Mário, no final de agosto. Com opções desde logo condicionadas. O Inter estava sob alçada do fair play financeiro da UEFA, sujeito a sanções que implicaram que João Mário, tal como vários outros reforços, não fossem inscritos nas competições europeias.

As coisas nem começaram mal para o médio português, que foi opção regular com De Boer. Mas os resultados não apareciam e o treinador neerlandês foi despedido no início de novembro ao fim de 14 jogos no banco, dos quais venceu apenas cinco. O Inter estava no 12º lugar no campeonato e terminaria em último na fase de grupos da Liga Europa. Stefano Vecchi, o treinador dos sub-20, fez a transição para o técnico seguinte, Stefano Pioli. João Mário perdeu espaço com o atual treinador do Milan, que também não terminou a época. Saiu a três jogos do final, com Vecchi a assumir de novo o banco. O Inter terminou a Serie A na sétima posição, fora das competições europeias.

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A cobrança era grande para João Mário, sob o peso do valor da transferência e marcado também pelo último jogo da época, com a Lazio, quando foi noticiado que foi alvo de uma sanção por parte do clube por ter abandonado o banco antes do final da partida. Quando Luciano Spalletti assumiu o clube, no verão de 2017, usou o exemplo do português para falar do compromisso que exigia aos jogadores.

O primeiro de três empréstimos

Com o novo treinador, João Mário teve utilização intermitente. Fez 15 jogos na primeira metade da época, apenas seis a titular. Assumiu que queria jogar mais e em janeiro saiu pela primeira vez por empréstimo, para cumprir o sonho de jogar na Premier League. Essa meia temporada no West Ham permitiu-lhe ganhar alguma regularidade, mas o vínculo com o Inter mantinha-se. Em junho, João Mário dizia que não queria voltar ao clube. Mas depois do Mundial 2018 o seu destino seria mesmo o regresso a Milão.

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Continuou longe das primeiras escolhas de Spalletti. Voltou a ficar de fora da lista para a Liga dos Campeões e só fez o primeiro jogo pelo Inter no final de outubro, frente à Lazio. «Até eu fiquei um pouco surpreendido», disse, a propósito da titularidade nessa partida. Quatro dias depois fez uma das suas melhores exibições com a camisola «nerazzurra», quando marcou um golo e fez três assistências frente ao Génova. Foi somando tempo de jogo, mas a relação com Spalletti deteriorou-se no final da época, com notícias de que o treinador o teria mesmo afastado de um treino, alegando falta de empenho. A 27 de abril de 2019, saiu do banco a dez minutos do final frente à Juventus, naquele que seria o seu último jogo pelo Inter.

A treinar à parte no Inter

No defeso, trabalhou afastado da equipa, ele e Mauro Icardi, outro «proscrito». Foi a pior fase da sua carreira, como dizia em 2020 numa entrevista ao jornal A Bola. «Não entendo a posição do Inter em não me deixar treinar, participar em jogos de preparação. És um profissional, levantas-te de manhã, vais trabalhar, estás sempre disponível e depois fazem uma escolha dessas?», dizia, lembrando como as coisas começaram a correr mal desde os seus primeiros tempos em Milão: «Encontrei um clube menos estável que o Sporting. Muita confusão, troca de treinadores, uma época muito mal preparada, uma mistura de muita coisas.»

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A solução encontrada, já no fim da janela de transferências, foi nova saída por empréstimo, agora para o Lokomotiv Moscovo. Depois de uma época na Rússia, o Sporting. O terceiro empréstimo representou um regresso a Alvalade, onde voltou a ser feliz, na época que terminou com a conquista daquele que é ainda o seu único título de campeão nacional.

Depois chegou o verão de 2021. O Sporting fez uma oferta para contratar João Mário em definitivo, mas que ficou abaixo das expectativas do Inter. E então entrou o Benfica no processo. Mas havia a questão da cláusula «anti-rivais» prevista no contrato, a qual estipulava que o Sporting teria direito a receber 30 milhões de euros se o jogador fosse transferido para um clube português. O desfecho encontrado é motivo de disputa até hoje.

A rescisão, o Benfica no dia seguinte e o Sporting em tribunal

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A 12 de julho, o Inter anunciou a rescisão com João Mário. E no dia seguinte o médio assinou pelo Benfica. O Sporting contestou desde logo a forma como o processo decorreu e intentou ações a reclamar os tais 30 milhões de euros em duas frentes, uma delas a decorrer no Tribunal de Trabalho de Lisboa e outra junto da FIFA, confirmada também pelo Inter . Ainda não são conhecidas decisões sobre nenhum desses processos.

Contas pendentes, como é a própria relação de João Mário com o Inter. Em cinco anos, João Mário jogou duas épocas e meia com a camisola «nerazzurra». Tudo somado, foram 69 jogos, 4 golos e o rótulo de «flop» que o perseguiu até ao momento da saída. Como recordava em dezembro o seu empresário. «Levei tantos insultos pela partida de Lukaku como levei elogios por ter ajudado o João Mário a sair do clube. Provavelmente os julgamentos foram demasiado fortes, o João Mário poderia ter ficado no Inter mais dez anos pelas qualidades que tem», disse Federico Pastorello ao Tuttomercato: «A sua história é de loucos. Temos constantemente manifestações de interesse nele de toda a Europa. A carreira de João mostra que o Inter também não avaliou mal quando fez este grande investimento. Infelizmente as pessoas colocam cruzes em certos jogadores um pouco cedo demais.»

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