Um estádio novo transformado em lago; um estádio velho que é agora um estaleiro de uma estação de metro; uma equipa formada por juniores que sofre golos de toda a gente; um passivo que é ainda desconhecido, mas que deve ser astronómico; dívidas e mais dívidas. Muita gente pensou que já mais nada poderia acontecer ao «moribundo» Salgueiros. Mas a prova de que as desgraças são como as cerejas aconteceu a 2 de Novembro, dia de Finados.
José António Linhares, o presidente que em Outubro tinha sido destituído da direcção do clube, achou que ainda tinha direitos e entrou na sede do Salgueiros, na Rua Álvares Cabral, às 9h30 da manhã e fechou-se no local. Os sócios não gostaram e exigiram que saísse imediatamente, o ex-dirigente recusou-se.
As horas foram passando, a notícia espalhou-se mas Linhares, em conversas telefónicas com as rádios e as televisões, disse sempre que não estava barricado. Emite um comunicado em não cede o lugar até à data das eleições (12 de Novembro) e não atribui qualquer legitimidade à Comissão Administrativa entretanto constituída.
O acontecimento assemelhava-se cada vez mais a uma cena dos melhores filmes de suspense. Linhares não saía do edifício, a contestação aumentava, a polícia estava no local. O governador civil do Porto oferece-se como mediador, mas a ajuda foi recusada.
O impasse só terminou ao fim da tarde, quando o ex que ainda se dizia presidente saiu da sede escoltado pela polícia. Não se pode falar em final feliz, porque a crise do Salgueiros conhece a cada semana novos episódios. Ainda haverá esperança num «happy end»?