Em 2003, a morte de Marc-Vivien Foé, com 28 anos, em plena Taça das Confederações fez um alerta à escala mundial para um fenómeno existente no desporto cuja repetição o transformou numa das principais preocupações do presente. Este ano, o Mundo voltou a ser chocado com o desaparecimento de Miki Fehér ou de Serginho, no Brasil, futebolistas de 24 e 30 anos que morreram em campo durante jogos de outras competições com grande cobertura mediática.
Mas este é um fenómeno que não tem escolhido idades, escalões ou campeonatos de maior ou menor dimensão. Bruno Baião disputava aos 18 anos o campeonato de juniores; Cristiano Lima Jr. tinha 25 anos e disputava o campeonato da Índia quando morreu já este mês; o falecimento do chileno Carlos Malhue Serrano, aos 22 anos e jogador amador, foi o último a ser noticiado, ainda não se completaram três semanas.
O padrão existente é a paragem cardíaca, fatal. O elo que liga o desaparecimento de todos estes jogadores (e houve mais em 2004) é a agora chamada morte súbita. «Morte cardiovascular súbita no desporto». A causa mais comum foi identificada, pois as investigações médicas mostraram que noventa por cento dos atletas que morrem em competição têm problemas de coração (pré-existentes à prática desportiva).
O Comité Olímpico Internacional (COI) deu este mês de Dezembro, em Lausanne, um passo importantíssimo para que se comece a travar a morte cardiovascular súbita no desporto: esta é descrita como «morte verificada na hora sequente à ocorrência dos sintomas numa pessoa sem uma situação cardiovascular previamente reconhecida como podendo ser fatal ¿ com exclusão de causas vasculares-cerebrais, respiratórias, traumáticas ou por drogas».
O modo de lidar com a situação é prevenir para evitar. O COI adoptou uma resolução supervisionada pela sua Comissão Médica destinada a identificar, com a maior precisão possível, atletas em risco para que sejam prevenidos em conformidade. O documento designado «Recomendações de Lausanne» introduz o princípio da pré-comunicação no desporto da observação cardiovascular, incluindo quatro elementos: a história médica do atleta; a da sua família; um exame físico; e um electrocardiograma.
Um passo dado em frente pelo COI que pode ser fundamental para o evitar de casos futuros e que, no que ao futebol diz respeito, a FIFA acompanhou de pronto manifestando o seu «total apoio» à colocação em prática das «Recomendações de Lausanne».