Antecipar conclusões do Fórum Nacional do Futebol, promovido pelas associações distritais e regionais, e que este sábado termina em Santarém, é, no entender, do presidente do Sindicato de Jogadores, Joaquim Evangelista, «cedo».
O mesmo não sucede, porém, com a posição da instituição sobre o momento do futebol português, muito crítica em relação às associações e ao dirigismo ultrapassado. «Assumir os erros é a primeira medida para reformar. Aquilo que constato são, de facto, problemas: os salários em atraso, os clubes falidos, a fiscalidade, a Segurança Social, a falta de transparência, a corrupção, tudo fenómenos a que estas associações não são alheias, pelo contrário. A maioria destes dirigentes é responsável pelo estado actual do futebol português», acusou o presidente do Sindicato, esta sexta-feira, à saída do fórum.
Joaquim Evangelista discorda do «discurso catastrófico de, que só a manutenção dos cargos permite que haja futebol» e exemplificou: «Se olharmos para o lado, Platini, ex-jogador, é presidente da UEFA, Beckenbauer [presidente do Bayern Munique], Albertini [vice-presidente da Federação Italiana]¿ contribuíram para as mudanças do futebol europeu. Queremos mais do mesmo ou queremos de facto ter a coragem de mudar? Acho que as associações revelam aqui, com o devido respeito, ou dão ideia, que estão a ser beliscadas no seu poder e têm necessidade de realizar um fórum para manifestar que existem e fazem coisas em prol do futebol.»
«Não podemos vir a um congresso, a dizer que sim com a cabeça, como se tudo estivesse bem. Quer queiramos quer não a permanência no poder gera ligações, está nos livros, não são eu que o digo. A promiscuidade que se fala entre a política e o poder não é novidade, por isso é que este regime jurídico, e bem, vai estabelecer um período para os mandatos dos dirigentes de dois. Acho bem», sustentou.
Para o sindicalista, a indiferença dos organizadores do fórum aos reais problemas do futebol nacional e dos seus principais intervenientes é lamentável. «Vir aqui dizer que numa associação estão inscritos dez mil jogadores quer dizer alguma coisa? Estar ao lado dos jogadores é quando eles necessitam, quando têm problemas sinistros, quando têm salários em atraso. Nunca vi nenhum destes dirigentes, seja nos clubes amadores ou profissionais, em vários distritos, nunca vi um chegar-se à frente. E depois vêm aqui invocar a relação com os jogadores? Os jogadores sabem quem está a seu lado e quem tem sido a voz intransigente na defesa dos seus direitos.»
E é precisamente pela luta contra os vícios que, desta feita, Joaquim Evangelista assumiu estar em sintonia com Laurentino Dias, o principal visado das associações pelo regime jurídico que o Governo pretende implantar: «Já fiz críticas ao secretário de Estado do Desporto, mas, nesta matéria, tenho de lhe dar os parabéns, aplaudir a reforma que pretende fazer e que não deve ceder perante estas pressões. O futebol português precisa de uma mudança para bem sob pena de se ver extinguido. É um património que está a ser delapidado por estes dirigentes.»