Rui Bento e José Mota pediram inteligência aos seus jogadores para sair com os três pontos deste jogo, mas só os de Setúbal tiveram cabeça para, com uma calma impressionante, sair da casa de um rival direto com louvor e distinção.

Os sadinos colocaram ponto final a uma expressiva série de 12 jogos sem ganhar e obtiveram, pasme-se, o primeiro triunfo fora de portas na Liga.

Em consequência disto, saíram da zona de descida, trocando de posição justamente com os beira-marenses, que podem, pela primeira vez nesta temporada, mergulhar abaixo da linha de água em função do resultado do Feirense no Dragão.

Rui Bento ouviu impropérios dos adeptos, viu lenços brancos, e viu a equipa somar o sétimo jogo sem ganhar. Apenas um ponto somado em 2012, depois de ter deixado o ano velho na primeira metade da tabela é um fardo que acabou por revelar-se demasiado pesado para o jovem técnico.



Rui Bento diz adeus ao Beira Mar

Este jogo, de resto, castigou sobremaneira uma abordagem com um esquema diferente e consequente «sacrifício» de Balboa - obrigou depois a «queimar» uma substituição para emendar a mão -, mas também meteu alguma eficácia dos sadinos, e finalmente, também algum azar para os aveirenses.

A equipa ainda reagiu depois de sofrer o 0-3, marcado pelos setubalenses apesar de reduzidos a 10, e aproximou-se do empate com um safanão como não se tinha visto ainda na partida, mas foi tarde de mais. Ficou a atitude. Será que chega?

Início de sonho para os de Mota

O Vitória adiantou-se relativamente cedo no marcador, com um golo fabuloso de Targino, depois de um quarto-de-hora de muito bom nível em que Rui Rego foi chamado a intervir um par de vezes. Na verdade, o Beira Mar até esteve melhor nessa fase inicial da partida do que a seguir ao golo quando precisou de acelerar para recuperar do prejuízo.

Cássio falhou a cabeçada à boca da baliza e os sadinos agradeceram com o segundo da tarde, numa jogada de insistência, após um alívio infeliz de Pedro Moreira. Rejubilaram os muitos adeptos de Setúbal, que estavam por trás da baliza de Rego, e cheirava a partida resolvida para os lados dos homens de José Mota.

Parecia um conto de fadas para os visitantes não fosse a asneira de Jorge Gonçalves, por esta altura um sério candidato a figura do jogo: a distinção ficou comprometida quando resolveu cortar com os braços uma bola na meia-lua e viu, automaticamente, o segundo cartão amarelo. Mas nem por isso os aveirenses souberam lucrar com o erro alheio.

O que se passou após o apito para o intervalo foi sintomático: os adeptos vindos de Setúbal, aparentemente em superioridade numérica, ou, pelo menos, mais ruidosos, protestavam contra o árbitro, enquanto os de Aveiro acenavam com lenços brancos e pediam a cabeça de Rui Bento...

O técnico do Beira Mar fez ouvidos de mercador e lançou Élio na partida, já depois de ter trocado Ricardo Dias por Balboa. Risco total, numa estratégia apenas com três defesas e todos a pensar no ataque. O problema é que, lá atrás, começou a faltar gente e os setubalenses, com uma jogada simples, curiosamente pelo lado onde antes estaria Joãozinho, «mataram» mesmo o jogo.

Salvou-se apenas a ponta final do Beira Mar, que finalmente resolveu puxar pelo brio e acabou por vender cara a derrota. Com uma atitude notável nos últimos minutos, conseguiu reduzir a desvantagem até ao mínimo, com golos de Balboa (o que estaria a fazer no banco?) e Zhang, além de uma ponta final que quase permitiu o empate. Tarde de mais...