Depois da tragédia, é tempo de retoma no ‘Verdão do Oeste’. De equipa técnica a jogadores, há um futuro pela frente. A cerca de um mês do regresso à competição – marcado para 29 de janeiro – todo o tempo é pouco para quem tem de reconstruir (quase) tudo do zero. Os primeiros passos estão dados. Já há treinador, alguns reforços e a determinação de construir um grupo forte. Os jogadores da formação fazem, pois, parte desta nova vida da Chapecoense. Palavra de treinador.

«Nós já temos nove jogadores de sub-20 que estarão connosco no dia 3 [de janeiro]. Sempre que algo mau acontece, abre-se a oportunidade para outras pessoas. Alguns atletas foram retirados da Copa São Paulo sub-20 para que possamos observá-los desde o início do ano», refere Vagner Mancini.

O trabalho do novo técnico começou, em definitivo, na última segunda-feira. Ter homens com o «ADN do clube» é outro dos fatores fundamentais. «O Neném e o Martinuccio, que já estavam aqui, são elementos que nos dão certeza de que vamos ter, desde o início do ano, aquele sentimento dos jogadores que vivem a Chapecoense, para que possam passar rapidamente àqueles que chegam», frisa o técnico.

Reforços e a irreverência de querer chegar «ao topo»

Elias, guardião que estava na Juventude, o defesa Douglas Grolli, proveniente do Cruzeiro, o médio Dôdô, emprestado pelo Atlético Mineiro e o avançado Rossi, oriundo do Goiás são os quatro reforços já confirmados pelo clube.

De fora, outros virão. De dentro, mostras de talento e a vontade de chegar à equipa principal. Ao «topo». Ao «mais alto nível».

Guilherme Lima é um dos rostos da iminente renovação na Chapecoense. Médio, 17 anos, é já umas das principais figuras da equipa sub-20 e viu o contrato renovado até 2018, após assédio de outros clubes brasileiros. Embora ainda não tenha alinhado na equipa principal, é considerado a «jóia do clube» pelos adeptos de Chapecó.

«Todos queremos honrar a camisola do clube depois da tragédia. É uma forma de honrar os que partiram», afirma Lima.

Ronaldinho Gaúcho e Cléber Santana – uma das vítimas do voo da Chapecoense - são as referências futebolísticas do jovem brasileiro. «Observava muito o Cléber a pegar no jogo. Fizemos uma boa amizade nos treinos, ajudava-me sempre», recorda.

Para já, Lima vai alinhar na Copa de São Paulo em sub-20, em janeiro. Chamada a equipa principal, só depois. Independentemente do futuro, tem uma certeza. «Quero ser ídolo aqui [em Chapecó]. Virar profissional. Um Danilo [guardião que faleceu no acidente], um jogador assim».