Villas-Boas esteve perto de ser treinador do Burnley um ano e meio antes de assinar pelo Chelsea e de todo o sucesso que teve no Dragão, com a conquista de tudo o que havia para conquistar.

O clube inglês recusou então a candidatura do treinador português, que pretendia suceder a Owen Coyle (saiu para o Bolton), sobretudo por causa do seu «futebolês». A linguagem de AVB deixou os dirigentes perplexos e estes optaram por Brian Laws.

No seu novo livro «Magical: A Life In Football» («Mágico: uma Vida no Futebol», numa tradução livre», o antigo presidente Paul Fletcher contou toda a história: «Tommy Docherty [antigo selecionador escocês e também treinador do FC Porto] costumava afirmar que nunca dizia nada aos seus jogadores que um leiteiro não entendesse. Não acredito que algum leiteiro percebesse grande parte da candidatura de Villas-Boas. A linguagem e o futebolês fica pior a cada dia. Villas-Boas abusa disso. Será que os jogadores do Burnley iriam entendê-lo quando ele lhes pedisse para serem mais sólidos ou usasse outra das suas expressões.»

O antigo dirigente não deixou de elogiar o atual técnico do Tottenham. «Ele mandou uma longa e detalhada candidatura. O seu currículo e a apresentação powerpoint eram fantásticas. Se a mostrássemos a antigos treinadores nossos teriam perguntado: "Raios me partam, que quer aquilo tudo dizer." Mesmo à luz dos dias de hoje, havia ali coisas complicadas, coisas que eu não percebia. Se tivéssemos uma maior perceção das coisas tê-lo-íamos contratado, mas na altura parecia um grande risco.»