Com as assinaturas de Jonas e Luisão, a vitória do Benfica sobre o Galatasaray, nesta terça-feira, deixa os encarnados na liderança do grupo e numa posição privilegiada para o apuramento. Uma vitória sobre o Astana, na próxima jornada, a 25 de novembro, acaba com as dúvidas – mas atenção, os cazaques, que travaram o At. Madrid ao início da tarde ainda não perderam no seu campo. E o Benfica até pode nem precisar de pontuar no Cazaquistão, se o At. Madrid não perder em casa o seu próximo jogo com o Galatasaray.

Com tudo isto confirma-se: esta continua a ser, como tínhamos antecipado, a melhor campanha do Benfica na era Champions. Para o conjunto da prestação portuguesa ao mesmo nível falta o FC Porto fazer a sua parte do trabalho nesta quarta-feira.


Jonas: festejo na Champions, dois anos e meio depois

Na Luz foram, portanto, dois golos «trintões» a encaminhar uma vitória sofrida. O de Jonas foi, assinale-se, o primeiro nas provas da UEFA com a camisola do Benfica. Tendo chegado à Luz há um ano, com as inscrições para a Champions fechadas, o brasileiro tinha esse borrego a seu cargo, após três jogos em branco. No conjunto da carreira foi o seu nono golo na prova, com os oito marcados pelo Valência – o último dos quais há dois anos e meio, em março de 2013, diante do PSG.

Luisão, assinou esta noite o 5º golo na Liga dos Campeões, e o seu 11º nas competições da UEFA, registo que o reforça, a larga distância, como o defesa com mais golos na história europeia do Benfica. O central brasileiro – que mereceu um rasgado elogio de Rui Vitória - não marcava para a Champions desde há dois anos (setembro de 2013, ao Anderlecht) e para a Liga Europa desde março de 2014, quando bisou em Londres, diante do Tottenham. Ao faturar com 34 anos, 8 meses e 21 dias, o central brasileiro torna-se o segundo jogador mais velho a apontar golos europeus pelo Benfica, sendo apenas superado por Rui Costa, que marcou ao Copenhaga com 35 anos e 4 meses, em agosto de 2007.


Luisão: golo 11 na Europa

Refira-se, entretanto, que esta foi a primeira vez que o Benfica bateu o Galatasaray em jogos europeus, depois de duas tentativas falhadas – derrota para a UEFA na Luz em 2008/09 e em Istambul, há duas semanas.

Real de Benitez: uma máquina de… não sofrer golos

Nos outros jogos da noite, numa noite recheada de momentos mágicos, o destaque óbvio vai para os apuramentos confirmados de Real Madrid e Manchester City, as primeiras equipas a reservarem mesa nos oitavos. No Bernabéu, para o Grupo A, diante de um sólido PSG, o Real Madrid somou o 19º jogo consecutivo sem perder em fase de grupos. E manteve a sua baliza inviolada pela quarta jornada seguida – é a única equipa sem golos sofridos nesta altura. E Keylor Navas, que esteve quase a ser moeda de troca, lá vai comandando a defesa mais sólida da Europa, com apenas quatro golos sofridos em jogos oficiais.


Nacho: foi entrar e marcar

No regresso de Di María a um estádio onde já foi muito feliz, houve saldo neutro em mais um confronto direto entre Ibrahimovic e Cristiano Ronaldo. O triunfo merengue – para além de afortunado, já que o PSG foi melhor equipa durante boa parte do jogo – foi uma ilustração perfeita do ditado «há males que vêm por bem». O único golo da partida nasceu na sequência da lesão muscular de Marcelo e foi apontado pelo seu substituto, Nacho Fernandez, que tinha entrado em campo um minuto antes. Claro que, agora, depois da vitória e do apuramento sobra um problema para Benitez, que não sabe se vai poder contar com o lateral para o clássico com o Barcelona.

E por falar em ditados, o outro jogo do Grupo A ilustrou a máxima «não há fome que não dê em fartura», já que o Shakhtar, que ainda não tinha qualquer golo na prova, tirou a barriga de misérias e conseguiu a goleada da noite, diante do Malmö (4-0), saindo do último lugar e mantendo assim ténues esperanças de apuramento - ou, pelo menos, de transferência para a Liga Europa.

Duplo sorriso em Manchester

Continuando em maré de provérbios, «não há mal que sempre dure» aplica-se bem ao sucedido em Old Trafford. No Grupo B, os adeptos do Manchester United tiveram de esperar pelos últimos minutos para verem a equipa de Van Gaal quebrar um jejum de quatro jogos sem ganhar e 404 minutos sem marcar qualquer golo. Mas valeu a pena a espera: diante de um sólido CSKA, que desperdiçou excelentes oportunidades para bater De Gea. O tento solitário de Rooney valeu a vitória e a liderança isolada num dos grupos mais equilibrados desta fase. E como o PSV ganhou vantagem sobre o Wolfsburgo – Vieirinha só entrou a 25 minutos do fim na derrota dos alemães em Endhoven – basta aos homens de Van Gaal uma vitória sobre os holandeses, na próxima ronda, para festejarem o apuramento com uma jornada de antecedência.


Rooney, cabecinha de ouro

E se os «red devils» reencontraram o sorriso graças a Rooney, os rivais do City deram mais um sinal de crescimento, ao vencerem o Sevilha e carimbarem, dessa forma, a qualificação para os oitavos, a duas jornadas do fim. Foi a única vitória visitante da noite, e nem deu para discutir, na verdade: três golos na primeira parte – algo que o Sevilha nunca tinha sofrido no seu estádio em jogos europeus – puseram os ingleses de cadeirinha, e deixaram os andaluzes quase obrigados a lutar pelo regresso à Liga Europa, afinal o seu palco de eleição, ou não tivessem vencido as duas últimas edições da prova. Mais um provérbio? « Não suba o sapateiro além da sua chinela»

Refira-se, entretanto, que o apuramento do City só se tornou uma realidade matemática porque a Juventus não perdeu na Alemanha, diante do Moenchangladbach (1-1), mesmo jogando 40 minutos com um homem a menos. E se o resultado ainda não chega para apurar os italianos – estão quase lá – a noite serviu, pelo menos, para assinalar um emotivo regresso aos relvados do suíço Lichtsteiner, que um mês depois de ser operado ao coração, para corrigir uma arritmia, teve alta para voltar à competição e assinar este belíssimo golo, com uma assistência magistral de Pogba:



Com 31 anos, bem acompanhado por outros trintões goleadores como Jonas, Luisão, Rooney, Srna ou Eduardo da Silva, Lichtsteiner tornou-se assim o grande protagonista de uma das estórias mais fortes da noite dos provérbios, que deixou o Benfica mais perto da elite.


Liechtsteiner: aguenta, coração

Barcelona, Valência e Zenit à espreita da festa

A jornada prossegue nesta quarta-feira, com as atenções portuguesas naturalmente voltadas para o FC Porto. Mas, para além disso, há outras três equipas que podem seguir os exemplos de Real Madrid e Manchester City e selar, desde já, a qualificação. São elas o Barcelona – precisa de vencer e esperar que a Roma não ganhe – o Zenit – basta-lhe a vitória e mesmo esta pode não ser precisa, se o Gent não ganhar – e o Valência – que se apura se vencer e o Lyon não ganhar ao Zenit. Além de André Villas-Boas e Nuno Espírito Santo, esta poderá ser, também, uma noite de contornos quase decisivos para o Olympiakos de Marco Silva e, por razões diferentes, para o Chelsea, de José Mourinho.
Resultados e classificações

Jogos de quarta-feira

Grupo E
Barcelona-BATE Borisov
Roma-B. Leverkusen

Grupo F
Bayern Munique-Arsenal
Olympiakos-D. Zagreb

Grupo G
Maccabi Tel Aviv-FC Porto
Chelsea-D. Kiev

Grupo H
Gent-Valência
Lyon-Zenit