É costume dizer-se que os mais novos aprendem por imitação. «Olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço». Verdade ou mito, o que fica é que o Clássico B terminou com o mesmo resultado do Clássico A, há cerca de um mês, e com condimentos, até, parecidos. O FC Porto foi melhor mais tempo, embora a versão B benfiquista tenha incomodado mais em Pedroso do que a A no Dragão, antes do empate.

Mas é o empate que fica, num castigo para o relaxamento portista na meia hora final. O Benfica ameaçou até marcar e, tal como no golo de Lisandro, foi numa bola parada que o conseguiu. Ligeiramente mais cedo, mas também na reta final. Há coisas incríveis, não há?

FICHA DE JOGO E AO MINUTO

O Benfica entrou melhor no jogo, sublinhe-se, mas o gás acabou cedo. Ainda nem o primeiro quarto de hora estava fechado e já o FC Porto ficava por cima. A equipa de Hélder Cristóvão esgotou-se num centro de Diogo Gonçalves, o melhor dos jogadores de campo, que Jovic, hoje titular, não desviou por centímetros.

O FC Porto acordou com esse lance. O meio campo começou a funcionar devidamente e esse é um dos segredos desta equipa. Belo trio o formado por Francisco Ramos, Omar Govea e Fede Varela. Se os dois primeiros são raça pura, o terceiro é um artista refinado. Toque de bola de craque, daqueles que não engana. Foi com ele a pautar que o FC Porto começou a criar.

Outro segredo foi a aposta no corredor esquerdo, onde Ruben Macedo e Inácio faziam a cabeça em água a Alan Benítez.

Areias, por duas vezes, esteve perto de marcar na primeira parte, sendo que na segunda André Ferreira fez a primeira grande defesa do encontro. O remate era ao ângulo e o guardião encarnado não só foi lá buscar a bola como a agarrou. Até entre os adeptos portistas a defesa causou espanto. Tanto como a que fez ao minuto 40, já com o jogo em 1-0, a remate fortíssimo de Fede Varela. Com o corpo caído para um lado, esticou o braço para o outro e, a dois tempos, evitou o golo.

Antes, como se disse, viera o golo de Francisco Ramos. Em jogada estudada. Tão óbvio que tinha sido tentada minutos antes, sem sucesso. Canto cobrado rasteiro para o primeiro poste onde Kayembe recebeu, rodou e cruzou. Se à primeira ninguém desviou, dois minutos mais tarde, na segunda tentativa, o belga encontrou Francisco Ramos que rematou para o golo.

Quando marcou, a equipa de José Tavares já era bastante superior. Depois, continuou a sê-lo e só depois do descanso os encarnados voltaram a equilibrar a balança.

Aliás, logo no primeiro lance da segunda parte, o Benfica poderia ter empatado, embora fosse mais por azar contrário do que mérito próprio: Chidozie atirou para a trave um centro de Jovic. O FC Porto respondeu com uma perdida escandalosa de Areias, na cara de André Ferreira. O avançado cedido pelo Vitória nem acertou na baliza. Na jogada seguinte, Jovic também ficou perto de marcar, com o remate a rasar o travessão. Minutos frenéticos, mas que rapidamente congelaram.

O FC Porto tentou meter gelo no jogo até ao final, mas o Benfica não deixou. Nunca foi tão dominante na segunda parte como na primeira a equipa portista. Por isso, o golo do empate até nem causou grande espanto.

Aliás, minutos antes de Gilson, com a coxa, aproveitar um erro de marcação numa bola parada para fazer o resultado final, já Romário tinha desperdiçado de baliza aberta.

O resultado castiga, assim, o FC Porto que não conseguiu fechar o jogo quando teve ocasiões para o fazer, nem tê-lo suficientemente controlado. Ainda não foi desta que José Tavares ganhou ao serviço do FC Porto B. A diferença entre encarnados e azuis continua nos seis pontos.