Em 2001 José Mourinho, José Peseiro, José Couceiro e Carlos Carvalhal tiraram o último curso de treinadores de IV Nível organizado pela Federação Portuguesa de Futebol, com a colaboração directa da Associação Nacional de Treinadores. Em Junho desse ano fechou-se um ciclo. Outro foi aberto a 23 de Maio deste ano, em Rio Maior, quando teve início o primeiro curso UEFA Professional (IV Nível), que corresponde ao nível máximo de formação para treinadores.
Domingos Paciência, Aloísio, Chiquinho Conde, João Carlos Pereira, Luís Castro, Litos, Ulisses Morais e Vítor Pontes são alguns dos 30 alunos que esta sexta-feira serão sujeitos à avaliação final e depois de serem considerados aptos, todos poderão treinar em 34 dos 52 países da UEFA. A França é uma das excepções. Rui Caçador, director pedagógico do curso, explica porquê.
«O UEFA Profissional habilita todos os treinadores a trabalharem não só em Portugal como, depois de serem avaliados positivamente, habilita os treinadores portugueses a trabalhar pelo menos em 34 dos 52 países da UEFA. À excepção da França que saiu deste processo este ano por não concordar. Não podem treinar em França nem os franceses podem treinar num destes 34 países. Em Portugal os franceses potencialmente também não podem treinar e se isso se vier a concretizar a médio prazo eles poderão treinar, mas quem não tiver este curso reconhecido pela UEFA não pode orientar as equipas na Liga dos Campeões, nem a nível de selecções», sustenta.
Rui Caçador acredita que este diferendo «é uma situação pontual que a França vai resolver pois é um país nuclear a nível de formação». Esta situação não preocupa o director pedagógico do curso: «A nossa preocupação neste momento é que os nossos técnicos sejam reconhecidos também pela via legal em todos os países da Europa e do Mundo, porque a nível de qualidade quem tem técnicos com a qualidade que nós temos, com o Mourinho e o Carlos Queiroz, Manuel José, Fernando Santos, Pedroto e outros a nível internacional, não tem que ter preocupações.»
Luís Castro, João Carlos Pereira, Litos, Ulisses Morais ou Vítor Pontes não serão melhores treinadores depois de tirarem este curso. Serão sim, treinadores com a situação regularizada já que estava a treinar na Superliga sem formação para tal. «Nas provas da Federação quem não tiver o IV Nível não se senta no banco e não orienta uma equipa no escalão principal. Foi da responsabilidade da Federação não ter realizado cursos de treinadores durante quatro anos e o que aconteceu foi que todos os técnicos que tinham o III Nível e chegaram à Superliga tinham este curso para se legalizarem e eles estão cá todos. Isto é o fim de um ciclo e o início de outro. Com autorização da Federação Portuguesa de Futebol nenhum treinador treina no escalão principal sem o IV Nível e se a Superliga credenciar alguém que não o tenha, vai certamente ter problemas graves para responder na Federação», avisa Rui Caçador.
Até ao momento, um treinador português só poderia exercer a profissão no estrangeiro se tivesse conquistado o título de campeão em Portugal, ou estivesse a treinar na Superliga há 5 anos. Foi o que sucedeu com Jaime Pacheco quando treinou o Maiorca, ou com José Mourinho que ao conquistar a Liga dos Campeões ficou automaticamente reconhecido com o nível máximo da UEFA. Depois desta sexta-feira tudo será diferente para os portugueses.
«Tenho a certeza que tem esteve três semanas neste curso já ganhou o grande campeonato da sua carreira que é no início da carreira estar credenciado pela UEFA ao mais alto nível e este parece-me que é o passo em frente que o futebol português vai acabar de dar no fim desta semana», reforça Rui Caçador.
O curso de 2001 era «60 por cento teórico e 40 por cento prático e este é 40 por cento teórico e 60 por cento pratico», explica Tiago Braz, da coordenação do curso. Depois quem tiver nota superior a 9,5 valores estará autorizado para orientar equipas nos principais campeonatos europeus.