«Da Costa, sim Da Costa». No Mónaco, todos conhecem Costinha. Basta perguntar por um jogador do F.C. Porto e a resposta sai disparada como o flash de uma máquina fotográfica. O ministro deixou a sua marca no principado, é um nome querido e adorado, uma personalidade conhecida. Três anos depois regressa pela segunda época consecutiva à terra que o viu crescer para o futebol e para disputar novamente a Supertaça Europeia. Por imperativos próprios de um jogo oficial, está arredado de percorrer as famosas ruas e as ascendentes avenidas, onde as casas comerciais transportam o turista para um mundo superior à própria realidade. Foi esse o caminho que percorreu o Maisfutebol. Uma espécie de pequeno roteiro até aos sítios frequentados pelo médio portista quando vestia a camisola vermelha e branca.
Começa-se pelo Centro Comercial La Métropole, a escassos metros do famoso Casino de Monte Carlo. No primeiro andar, as luzes chegam a qualquer recanto e a loja Society Club é das mais imponentes. É aqui onde Costinha compra roupa e prima a sua aparência pelo forte requinte e suave elegância. «Desde que saiu do Mónaco, todos os anos vem cá», explica-nos Dennis Zegerius, o dono da loja, amigo pessoal do jogador do F.C. Porto e o seu grande conselheiro na escolha do vestuário. Anteontem à noite, falaram ao telefone por causa do jogo com o Valência... e não só. «A minha função é guiá-lo em função daquilo que gosta. Ele sabe bem aquilo que quer, por isso não lhe posso impor nada. Por exemplo, ele é incapaz de estar vestido como eu, de sapatilhas e de calças de ganga», sublinha, colocando as mãos nas pernas e nos pés para não restarem dúvidas. «É uma questão de respeito ou de elegância», insiste.
Costinha gosta de cores sóbrias. «Sobretudo cores francesas como o preto e o marine» que combinam com as marcas que mais aprecia: «Gucci e Yves Saint Laurent, entre outras». Os fatos têm corte italiano. «Combinam com o físico, assentam-lhe bem no corpo. Tem físico para isso. As gravatas têm de ir ao encontro de tudo o resto». É importante haver uma simbiose perfeita que faz do jogador do F.C. Porto um exemplo a seguir por muitos profissionais do ramo. «Os futebolistas gostam de roupa, mas ele é diferente. É elegante, muito elegante e sabe bem aquilo que quer». Podia seguir carreira na moda? «Quem sabe... Uma actividade boa seria escolher roupas para as pessoas do mundo do futebol. Tem qualidades para isso, porque tem classe e gostos requintados», responde.
Figo e Jorge Mendes são clientes
Mas Dennis Zegerius gosta de misturar duas facetas que fazem de Costinha alguém muito diferente dos seus clientes: «Não basta ter classe, é preciso ter qualidades humanas. Estamos a falar de um homem que veio cá no Natal comprar roupas para os dirigentes e para jogadores do Mónaco. Foi o único a fazê-lo, mais ninguém do clube o tinha feito antes. Nós também recebemos presentes. Nós, eu e os meus funcionários, porque ele olha-nos da mesma maneira». Não diferencia ninguém. «Entra aqui e diz bom-dia a toda a gente. Tenho clientes que não nos dizem nada, absolutamente nada e muitos deles são bem menos conhecidos...»
Figo também já comprou roupa no Society Club, no Mónaco, «quando jogava no Barcelona», mas o holandês Dennis (é assim que gosta de ser chamado) tem outro cliente muito especial na sua loja. «Sempre que o Jorge Mendes, o manager de Costinha, está cá, passa por aqui. É um cliente assíduo, mas é muito difícil de atendê-lo. É ou não é?», pergunta a um empregado. «Quem?, o senhor Mendes?». Risos. «Sabe ele tem 20 telemóveis que tocam ao mesmo tempo e apenas duas orelhas...» Risota geral. E os preços? Naquela e nas outras lojas do Centro Comercial La Métropole nenhuma peça de roupa tem etiquetas com números em ponto pequeno. Será para não assustar ninguém?