Começa neste domingo mais uma aventura de uma seleção nacional portuguesa numa prova de futebol jovem, mais em concreto o Campeonato da Europa de sub-19, que irá decorrer na Geórgia. A equipa orientada por Hélio Sousa está integrada no grupo A, juntamente com a seleção anfitriã, com a Suécia e República Checa. O outro grupo do torneio é constituído pelas seleções da Alemanha, da Inglaterra, da Holanda e da Bulgária.

Portugal, campeão europeu da categoria (embora ainda sob a denominação de Campeonato da Europa de sub-18) nos anos de 1994 e 1999, entra para este torneio com uma enorme responsabilidade, sobretudo depois de algumas prestações bem conseguidas nas últimas edições. No ano passado, na Alemanha, a turma das Quinas caiu apenas nas meias-finais, frente à França, garantindo ainda assim a presença no Mundial de sub-20. Em 2014, num torneio disputado em solo húngaro, Portugal perdeu apenas na final, frente a uma fortíssima Alemanha na qual pontificavam craques como Joshua Kimmich, Julian Brandt ou Davie Selke. No ano anterior, a geração de Bernardo Silva, Carlos Mané e companhia também chegou bem perto do jogo decisivo, tendo perdido na marca dos pontapés de penálti para a Sérvia.

Para a edição deste ano, Hélio Sousa decidiu chamar a base da seleção campeã europeia de sub-17 em 2016, acrescentando outros jogadores da geração de 1998 que garantem experiência considerável entre boa parte dos escalões jovens de seleções. O plantel convocado destaca-se pela vasta experiência entre jogos de seleção, Youth League, equipas B e até equipas seniores. O avançado portista Rui Pedro será porventura a figura de uma equipa na qual estarão alguns elementos que marcaram também presença no último Campeonato do Mundo de sub-20: o guarda-redes Diogo Costa, o lateral Diogo Dalot e os médios Florentino Luís, Miguel Luís e Gedson Fernandes.

Além de todos estes nomes, há que mencionar alguns dos jogadores que vinham já brilhando ao nível de clubes e que corresponderam também nos jogos de apuramento. O tecnicamente refinado João Filipe, figura dos sub-19 do Benfica com participações regulares na equipa B, os imponentes centrais azuis-e-brancos Diogo Queiroz e Diogo Leite, o criterioso Rui Pires, tantas vezes comparado a Rúben Neves, e os avançados Mesaque Djú e Madi Queta (substituto do lesionado José Gomes na convocatória) são também elementos de grande valia para Hélio Sousa e que prometem ajudar a elevar a Seleção Nacional a patamares de excelência durante a prova georgiana.

Os adversários de Portugal e os miúdos a seguir no torneio

Como referido, Portugal estará no grupo da seleção anfitriã, precisamente a adversária da jovem equipa lusa na estreia no torneio (domingo, às 17 horas). A Geórgia não teve de efetuar qualquer jogo de qualificação, como é natural, mas possui uma equipa a ter em conta, até pela experiência de campeonato profissional por parte de vários jogadores. O médio-ofensivo/extremo tecnicista do Dinamo Tbilisi, Giorgi Chakvetadze, é a grande referência de uma equipa que conta ainda com unidades como o talentoso Giorgi Arabidze e o profícuo Gabriel Saghrishvili. Portugal é naturalmente favorito mas deve estar atento a estes focos de perigo.

De seguida, Portugal defronta a República Checa, na quarta-feira. Aí o nível de exigência sobe de forma inequívoca. A seleção orientada por Jan Suchopárek rubricou uma ronda de elite de luxo (três triunfos nas três partidas disputadas) e chegou às meias-finais do recente Torneio de Toulon. Sólida no sector recuado (destaque para fortaleza construída pelos centrais Král e Chalus), com bons princípios de jogo com bola (fase em que o médio Sadílek espalha um perfume de bom futebol) e efetiva em termos ofensivos (atenção ao ponta-de-lança Sasinka), a formação checa possui também créditos suficientes para ser claramente considerada uma candidata a chegar às meias-finais.

Finalmente, o conjunto luso irá deparar-se com a seleção sueca, equipa bem organizada do ponto de vista defensivo (embora com uma ou outra lacuna) e com gente criativa e eficaz do meio-campo para a frente. O médio Dusan Jajic (que dá fluidez ao jogo em posse) e o avançado Jesper Karlsson (autor de sete golos na última edição da Allsvenskan) são as principais figuras de uma equipa que não poderá contar com alguns dos principais jogadores, já titulares de alguns dos principais emblemas do futebol sueco. Alexander Isak, estrela maior da companhia e avançado do Borussia Dortmund, é um dos ausentes de maior destaque nesta prova.

De resto, há ainda a realçar o tremendo nível do Grupo B, com três seleções históricas (Alemanha, Inglaterra e Holanda) e uma equipa surpresa, a Bulgária, que eliminou a França (anfitriã do grupo da Ronda de Elite).

Na Alemanha destaca-se a ausência do craque Felix Passlack. É relevante, mas estarão presentes outros craques para o substituir (atenção ao médio-ofensivo destro Aymen Barkok, do Eintracht Frankfurt, fonte de talento e perigo e também ao criativo Salih Ozcan, já integrado no plantel principal do Colónia).

Na Inglaterra, este será o torneio ideal para continuar a seguir o prodigioso Ryan Sessegnon, craque de 17 anos do Fulham. Veloz, dinâmico, pode fazer todo o corredor esquerdo, exibindo credenciais técnicas, qualidades no um-para-um, embora ainda possa calibrar melhor o cruzamento. Atenção ainda ao nível dos dois defesas do Chelsea, Trevoh Chalobah e Jay Dasilva, sérios candidatos a poder figurar entre as opções de Antonio Conte dentro em breve.

Por último, muita atenção à fornada de talentos proveniente das escolas holandesa e búlgara. Se é verdade que a Laranja Mecânica não poderá contar com jogadores que farão certamente muita falta (Matthijs de Ligt, Justin Kluivert, Justin Hoogma ou Giovanni Troupèe), vai ter nos médios Ferdi Kadioglu (já titular no NEC Nijmegen da Eredivisie!) e Dani de Wit, duas potenciais revelações da prova. Já na Bulgária, terá na frente ofensiva constituída por Yordanov, Krastev e Rusev uma constante fonte de perigo para as balizas contrárias.

Que comece mais um grande torneio, com Portugal a esperar que os sonhos não fiquem, desta feita, por concretizar!