Oferta de carnaval ou partilha de solidariedade num momento particularmente bom, a verdade é que o F.C. Porto promoveu esta terça-feira uma iniciativa pouco habitual: abriu as portas do Centro de Treinos de Gaia aos associados e permitiu-lhes acompanhar durante cerca de hora e meia a sessão de trabalho do plantel.
Nove ausentes, um lesionado e um goleador improvável
Desde 19 de Maio de 2005 que os associados do F.C. Porto não tinham direito a marcar presença num treino da equipa principal. A mudança para o Centro de Treinos de Gaia fez o clube acompanhar uma tendência cada vez mais generalizada na Europa e realizar todas as sessões de trabalho no sossego da solidão.
O último treino com porta aberta para os sócios, o tal de Maio de 2005, realizou-se no Dragão. As sessões de trabalho à porta aberta no Olival, de resto, contam-se pelos dedos de uma mão. Aconteceram todas na altura de José Mourinho e a última foi depois do apuramento para os quartos-de-final da Liga dos Campeões em Manchester.
Três cententas de corajosos em dia de preguiça
Ora também porque há quase três anos que não se podia ver um treino em Gaia, os sócios deram a volta à preguiça matinal e ao frio de Inverno com coragem. Fizeram-se à estrada bem cedo e desde um pouco antes das 10 horas que mudaram a face da pacata vila do Olival. Por isso chegaram a ser perto de três centenas no treino.
O que se assistiu a seguir foram momentos de pura partilha. Os associados demoraram vinte minutos a transmitir o primeiro aplauso, foi preciso uma grande defesa do júnior Ruca para os despertar, mas a partir daí não se fizeram rogados no apoio aos jogadores e estes retribuíram com toda a simpatia possível dentro de um treino.
O pequeno João Paulo e a camisola de Lisandro
Deu para tudo. Para Hélton posar para as fotos, para Adriano distribuir autógrafos, deu até para Lisandro oferecer a camisola de treino a um adepto especial. João Paulo festeja esta terça-feira onze anos, passou a noite a preparar um cartaz para o argentino e bem cedo fez-se à estrada desde Braga para estar às dez horas no Olival.
No final Lisandro foi ter com o pequeno adepto. Levou-o para o relvado, caminhou uns metros abraçado a ele, deu-lhe a camisola, um autógrafo e um beijo. João Paulo saiu feliz, ainda que confessasse não ter percebido nada do que o argentino lhe dissera. Mesmo assim, ficou com a camisola e garante que não a vende nem por cem mil euros.
Do Luxemburgo, para conviver e aprender
Se o pequeno João Paulo veio de Braga, houve ainda quem viesse de mais longe. Na circunstância do Luxemburgo. Uma equipa inteira. O Union Kayl-Tetane, uma equipa de amadores que mistura gente portuguesa com luxemburguesa, foram convidados pelo F.C. Porto a participar num amigável contra as velhas-guardas do clube.
Aproveitaram por isso a presença em Portugal para acompanhar o treino aberto do F.C. Porto, tentaram aprender alguns truques e saíram também eles contentes pelo momento de partilha. Ainda que não tenha sido possível ver craques como Quaresma, Bosingwa ou Raul Meireles, sobraram sempre Lisandro, Lucho, Hélton ou Paulo Assunção.