O F.C. Porto voltou à Baixa, a cidade respondeu em peso e mostrou que, apesar do recente afastamento da equipa, a Avenida dos Aliados ainda é o coração dos festejos portistas. Uma enorme mancha azul e branca cobriu a Avenida praticamente desde meio da tarde, até ao climax aquando da chegada dos novos vencedores da Liga Europa.

Pouco depois das cinco da tarde, altura em que o Maisfutebol chegou aos Aliados, a agitação já era evidente. Mas foi com a confirmação da chegada da equipa ao aeroporto Sá Carneiro, que a onda azul cresceu e cresceu, até chegar aos muitos milhares de adeptos em êxtase.

Tudo sobre a FESTA do F.C. Porto

O cenário convidava à festa. Tarde de sol, esplanadas cheias e muita procura por líquidos. Enquanto se ensaiavam as gargantas e se preparavam as coreografias, debatia-se o jogo anterior. Vitória suada, mas saborosa. «Vai ser um ano para mais tarde recordar», era uma das mensagens que mais se ouvia.

Nos adereços escolhidos, a prova da fome de títulos dos dragões nos últimos anos. Tricampeonato, Tetra, Penta legendavam alguns cachecóis e bandeiras. Mas também os títulos ganhos lá fora. «Comprei este cachecol em Sevilha, este em Gelsenkirchen e este em Dublin. Fui ver os três jogos e só não fui a Tóquio porque o dinheiro não dá para tudo», confessava, radiante, um dos adeptos presentes, pejado de adereços azuis e brancos.

Duas horas de espera, uma de festa e Taça ficou intacta

A espera, prolongada pelos imprevistos incidentes com o autocarro, terminou para lá das oito da noite. Seguia-se a festa. Apoteótica. Mal os dois autocarros descapotáveis, que transportavam jogadores, equipa técnica e famílias, se avistaram no topo da Avenida todos os minutos de espera passaram a valer a pena para os adeptos.Com Helton, Hulk e Maicon na frente, multiplicaram-se os flashes fotográficos e os gritos de incentivo.

«Já vencemos, já vencemos. Já vencemos outra vez. O F.C. Porto já ganhou a Taça, como em 2003». A adaptação do cântico que embalou a equipa até à final de Dublin foi o som mais ouvido, mas também se escutou os «Filhos do Dragão», o tradicional grito de «Campeões» e até algumas provocações ao rival Benfica.

Durou cerca de uma hora o passeio dos dragões pelos Aliados. Muito barulho, muita cor e alguns pedidos visando, sobretudo, o herói da final. «Fica Falcao», ouviu-se várias vezes. O colombiano, provavelmente sem ouvir, sorria e acenava. Houve até quem estivesse disposto a abrir os cordões à bolsa. «Fica Falcao, que eu pago-te um fino», atirou um adepto, para gargalhada geral.

Apesar das atenções particulares, o objectivo geral era o mesmo: ver a Taça ganha em Dublin. «A Taça é tão linda», dizia-se, enquanto os 15 quilos de metal iam passeando de mão em mão no autocarro. Confirmou-se também que há novidades que tardam a entrar em Portugal. Ao contrário de Espanha ou Holanda, cá ainda se tem por hábito manter o troféu intacto até ao fim da festa. Manias...

A marcha lenta foi ganhando velocidade, mesmo que os adeptos não estivessem com vontade de desistir. A Câmara Municipal é que continuou fechada. Selada por um cadeado de divergências que parecem não ter solução. Alguns curiosos ainda espreitaram pela janela, para ver os tons da festa. Viram o mar azul e branco que aos poucos se dissolveu. Alguns ainda tentaram a sorte no Estádio do Dragão, mas não houve subida à varanda. A euforia deu lugar à razão: domingo joga-se a final da Taça de Portugal.