Cinco anos e meio depois de ter trocado o Dragão por Milão, Ricardo Quaresma pode vir a ser o primeiro reforço de inverno do FC Porto. O jogador, sabe o Maisfutebol, está interessado no regresso e o clube precisa de reforçar as alas do ataque.

O nosso jornal sabe que as duas partes têm dialogado com frequência e que o facto de Quaresma ser um jogador livre (rescindiu com o Al Ahli, do Dubai, no verão) pode facilitar e minimizar os riscos de um acordo.

Nesta altura, Paulo Fonseca tem Silvestre Varela, Ricardo, Licá e Kelvin para preencher as posição laterais do ataque, sendo que apenas o primeiro é uma opção regular na equipa inicial. Josué tem sido uma espécie de novo James, partindo da linha e fechando no meio.

O negócio está, de facto, em cima da mesa e o acerto pode ser alcançado nas próximas semanas.

Há, porém, vários aspetos a ter em conta: a condição física do atleta (não compete desde o dia 9 de maio e foi operado ao joelho, em Lisboa, a 11 de junho); o elevado salário auferido nos últimos clubes (Inter, Chelsea, Besiktas e Al-Ahli); a questão emocional (aos 30 anos, o que pretende da carreira?).

Para assinar pelo FC Porto, Quaresma terá de aceitar uma forte redução salarial e tratar, desde já, de recuperar os níveis físicos até a um nível pelo menos aceitável.

A favor, Quaresma tem a admiração de Pinto da Costa pelo seu futebol e uma ligação forte com a massa associativa do FC Porto. Entre 2004 e 2008, o Mustang fez 158 jogos e 34 golos, alguns deles extraordinários e assinados com a inconfundível trivela.

No Dubai: relação de «amor/ódio» com os adeptos e Quique

A felicidade de Ricardo Quaresma nos relvados entrou em declínio após a saída do FC Porto. Passou a ganhar mais dinheiro, muito mais, mas os instantes de magia reduziram assustadoramente e o internacional português passou a ser notícia por não jogar e por ter problemas com quase todos os treinadores.

Assim foi com Mourinho no Inter, com Carvalhal no Besiktas e com Quique Flores no Dubai. Quaresma coincidiu nos Emirados, de resto, com um jovem treinador português.

Bruno Marinho, ex-técnico do Al Hamryia, assistiu de perto à passagem de Quaresma pelo Médio Oriente e dá ao Maisfutebol algumas impressões importantes.

«O Quaresma tinha uma relação de amor/ódio com os adeptos», diz ao nosso jornal. «Mal chegou lá pintou o cabelo de louro e mostrou logo que é irreverente. Fez alguns golos no início, mas foi sempre muito irregular».

Quaresma chegou «pesado» e teve dificuldades de adaptar-se «ao muito calor». «Começou bem, marcou um golo na meia-final da taça contra o Al Ain e ajudou a equipa a ganhar a final. Lesionou-se, deixou de ser titularíssimo e baixou muito o rendimento».

Em campo, Quaresma alternava «momentos geniais» com outros de «inconsequência». «Perdia facilmente a bola» e esgotava facilmente a paciência a Quique Flores, ex-treinador do Benfica. «Foi muitas vezes substituído e saía com uma grande azia», conta Bruno Marinho.

Riscado por Paulo Bento na seleção

Na Seleção Nacional, Quaresma perdeu por completo o seu espaço e já não é chamado desde a fase final do Euro2012. Paulo Bento não apreciou alguns comportamentos do atleta durante a prova (chegou a agredir Miguel Lopes com um pontapé num treino) e nem sequer o chegou a utilizar.

A possível vinda para o FC Porto serviria para reabilitar desportivamente este enorme talento e reforçar os tricampeões nacionais numa zona debilitada da sua estrutura.

Paulo Fonseca, questionado pelos jornalistas esta quinta-feira, diz que nesta altura não faz sentido falar ainda de Quaresma.