O atual sétimo lugar na segunda Bundesliga é um oásis numa história de sofrimento, crises, convulsões e derrotas, muitas derrotas. Gostar do FC Union Berlin implica esta dose generosa de masoquismo. «Vale bem a pena», garante ao Maisfutebol, numa gargalhada, o dirigente Oskar Kauche.
Podemos falar dos anos sombrios no império da RDA, hostilizados pela repelente Stasi [antiga polícia secreta] e humilhados em campo pelo Dynamo Berlin [clube do regime], mas também do anúncio de pré-falência em 2004. Os adeptos, sempre eles, juntaram-se e salvaram o FC Union pelos próprios meios.
«Os cânticos de Natal simbolizam essa comunhão entre pessoas e clube. Nessa crise financeira, os adeptos decidiram fazer uma campanha para dar sangue e reuniram milhares de euros», conta-nos Oskar Kauche.
Quatro anos mais tarde, a egrégora voltou a funcionar. 2400 voluntários trabalharam gratuitamente nas obras de remodelação do estádio. «Em 300 dias tudo ficou pronto e o clube não gastou o cêntimo. Não é possível pedir mais a esta gente».
90 minutos a cantar o Natal: dez anos de uma tradição única
O FC Union Berlin não é um clube normal. O hino oficial, aliás, é da autoria de Nina Hagen, uma cantora punk. Pode não vencer tantas vezes como desejaria, mas marca constantemente uma posição.
Só mais um exemplo, este ainda do tempo anterior à queda do Muro de Berlim. Sempre que o Union tinha um livre a seu favor, as bancadas gritavam «a barreira tem de cair».
A dada altura, alemães de todo o país apareciam para apoiar o emblema. Mais do que isso, para «apoiar a liberdade e abolir o estado totalitário». «Um clube diferente é isto», conclui Oskar Kauche.
O hino do FC Union Berlin: