O Sporting venceu o Club Brugge, campeão da Bélgica, no desempate por grandes penalidades (3-2) depois de um empate 1-1 no tempo regulamentar, no quinto jogo da pré-época, realizado no Estádio Municipal da Marinha Grande. Os leões de Fernando Santos entraram de forma fulgurante na partida, dominaram claramente a primeira meia-hora, mas voltaram a manifestar muita dificuldade em colocar a bola na baliza adversária. Rochemback deixou claro que é reforço e Ronaldo animou todo o jogo com uma mão cheia de «truques».

Fernando Santos voltou a apresentar um 4x3x3 muito ofensivo, com Ricardo na baliza, um quarteto defensivo composto por Mário Sérgio, Hugo, Beto e Rui Jorge, apoiado por Rochemback, um pouco mais adiantado. João Pinto e Pedro Barbosa jogaram soltos no meio-campo, enquanto Ronaldo (direita) e Tello (esquerda) apoiaram Silva pelos extremos. Os leões entraram de forma fulgurante, com Ronaldo a transbordar de imaginação no lado direito. Em poucos minutos, o jovem avançado pôs o público a bater palmas com os seus dribles recheados de pequenos pormenores de que os adeptos tanto gostam. Com Rochemback a assumir um papel determinante na distribuição do jogo, fazendo a bola rolar para os extremos, os leões jogaram em velocidade, trocaram bem a bola, com Pedro Barbosa e João Pinto a explorar muito bem os espaços concedidos pelo adversário.

Os jogadores do Sporting souberam tirar proveito da técnica mais evoluída para bater um adversário mais alto (os dez jogadores de campo tinham mais de 1,80m). Ronaldo foi uma permanente dor de cabeça para Van der Heyden. O jovem avançado chegou sempre à linha de fundo, passando pelo lateral belga com facilidade, mas depois nem sempre conseguiu dar à bola o melhor destino. Aliás, todos os leões criaram toneladas de jogo na área belga, mas raramente conseguiram atirar com perigo à baliza do veterano Verlimdem. Um defeito que Fernando Santos tarda em corrigir. Em cinco jogos, os leões contam apenas com três golos marcados.

Desalento e novo ânimo

Ao fim de meia-hora, o fulgor dos leões desfez-se em três tempos. Pedro Barbosa lesionou-se na coxa esquerda e quando os seus companheiros aguardavam, distraídos, pela sua substituição a bola partiu célere, na marcação de um livre, para o flanco esquerdo onde se encontrava Mendonza sem marcação. O avançado peruano deu três/quatro passadas e cruzou para o segundo poste, com a defesa do Sporting ainda em recuperação, onde surgiu Verheyen a encostar. Foi um golpe duro de engolir. Os leões baixaram a cabeça, como tantas vezes fizeram a época passada e, até ao final da primeira parte, não voltaram a pegar no jogo. Neste período, o Club Brugge, distribuído num 4x3x3 mais defensivo, fez valer a sua melhor forma física, uma vez que têm uma semana de trabalho de avanço, e quase liquidaram a equipa de Fernando Santos.

O Sporting regressou ao campo, tal como na primeira parte, determinado em chegar à baliza belga. A pressão foi intensa, os leões voltaram a jogar bem, com Rochemback em destaque. O brasileiro mostrou-se ágil na recuperação de bola e rapidíssimo a dar-lhe um destino. Quase sempre para um dos extremos. No entanto, foi num lance de bola parada que o Sporting chegou finalmente ao golo, numa jogada de laboratório. Tello já o tinha tentado por duas vezes sem sucesso. O chileno remata forte e tenso e espera que alguém faça o desvio fatal. Nas primeiras duas vezes exagerou na dose e a bola passou que nem uma bala sem que ninguém lhe tocasse. À terceira tentativa acertou na dose de força e João Pinto, ao seu melhor estilo, desviou a bola de cabeça para o fundo das redes flamengas.

Seguiram-se as danças das substituições e o jogo, que até estava animado, perdeu fulgor. As duas equipas perderam entrosamento, mas foi sempre o Sporting que comandou a partida até final. Na lotaria das grandes penalidades, Ricardo deu o mote ao marcar a primeira dos leões e continuou a ser o protagonista com três defesas que ditaram a atribuição do troféu ao Sporting. Fernando Santos tem motivos para sorrir, uma vez que a equipa tem revelado estar a evoluir, mas tem ainda muito trabalho pela frente, nomeadamente na finalização e nas movimentações defensivas.

Ficha do jogo

Estádio Municipal da Marinha Grande

Árbitro: Olegário Benquerença (Leiria)

Auxiliares: Luís Marcelino e Valter Oliveira.

SPORTING (4x1x2x3): Ricardo; Mário Sérgio (Luís Filipe, 61m), Hugo, Beto (Quiroga, 89m) e Rui Jorge (Paíto, 81m); Rochemback (Paulo Bento, 79m); João Pinto e Pedro Barbosa (Carlos Martins, 34m); Ronaldo, Silva (Clayton, 73m) e Tello.

Suplentes não utilizados: Nélson.

Treinador: Fernando Santos.

CLUB BRUGGE (4x3x3): Dany Verlindem (Butina, 46m); Corlelis, Rosenhal, Clement (Serebrenikov, 80m) e Van der Heyden; Englebert, Simons e Gzovdnevic; Verheyen (Smölders, 87m), Mendonza (Ceh, 64m) e Stoica (Saeterns, 64m).

Suplentes não utilizados: Simic.

Treinador: Trond Sollied.

Ao intervalo: 0-1.

Marcadores: Verheyen (34m) e João Pinto (63m).

Disciplina: cartão amarelo a Mendonza (31m).

Resultado final: 1-1.

Desempate por penalties (3-2): Ricardo (marcou), Simons (marcou), Paulo Bento (falhou), Ceh (falhou), Tello (marcou), Saeterns (marcou), Ronaldo (marcou), Rozenhal (falhou), Carlos Martins (falhou) e Gzodenovic (falhou).