Antes de destacar qualquer jogador, há que fazer uma referência à equipa. A exibição do Belenenses valeu, acima de tudo, pelo seu todo. Os jogadores que estiveram em maior destaque devem-no, e de que maneira, ao trabalho realizado por toda a equipa. Ao pequeno toque de um diapasão, toda a orquestra tocou afinada. Parabéns Marinho Peres.
Mas que regresso impressionante. Valeu a pena esperar oito meses para voltar a ver o espanhol a evoluir nos relvados. Enquanto esteve em campo não se poupou a esforços. Foi o eixo do carrocel do Belém. Todo o ataque dos «azuis» andou em redor do espanhol. Quase sempre de costas voltadas para a baliza de Tó Luís, serviu de almofada à velocidade dos seus companheiros. Recebia à bola e devolvi-a em condições óptimas de remate. Ofereceu o primeiro golo a Marcão e, pouco antes de sair, voltou a oferecer novo golo ao avançado brasilero. No entanto, este mostrou-se tão surpreendido, com o gesto técnico do espanhol (passe de calcanhar) que não conseguiu rematar em condições.
É dono de um drible estonteante que utilizou por muitas vezes para quebrar os poucos focos de resistência do Aves. Luís Cláudio, Vinagre e Nílton que o digam. Os três foram vítimas constantes da inspiração do brasileiro. Marcou o terceiro e o quarto golo do Belenenses, o último dos quais a transbordar de classe. Deu uim nó em Marco Aleixo e bateu Tó Luís sem miserircórdia.
Quando parecia que o «show» do Belenenses estava esgotado, entrou Eliel para relançá-lo com lances de tirar a respiração. Esteve pouco mais de um quarto-de-hora em campo mas encheu-o com a sua classe. Construiu a jogada do último golo e ainda teve tempo para alguns lances geniais. Na retina fica um passe de letra que trocou os olhos a Camberra.
Acabou a primeira volta com uma pesada derrota no Estádio da Luz (1-5) e iniciou a segunda com novo desaire (0-5). Sofrer dez golos em dois jogos é suficiente para constantar que algo vai mal na equipa de Carlos Carvalhal. Se na Luz, segundo rezam as crónicas, ainda deu alguma réplica ao Benfica, hoje nem isso. Hoje o Aves não existiu.
