Entrevista atrás de entrevista e quase sempre para dizer o mesmo: que a sustentabilidade do futebol passa pelo projeto da Superliga Europeia, boicotado pela maioria dos clubes que inicialmente aceitaram integrá-lo, mas que recuaram após pressões de adeptos, federações e governos nacionais, UEFA e FIFA.

Agora, em entrevista ao jornal AS, o presidente do Real Madrid e também da Superliga, encostou os clubes desertores à parede e garantiu que estão presos a um acordo que assinaram. «Não vou pôr-me a explicar agora o que é um contrato vinculativo, mas vamos lá: os clubes não podem sair. Alguns, pelas pressão que sofreram, tiveram de dizer que iam sair. Mas este projeto e outro muito parecido vão avançar e espero que em breve», disse em resposta a uma questão sobre as eventuais multas de centenas de milhões de euros que os clubes teriam de pagar caso abandonassem o projeto até 2025.

Florentino Pérez alertou para a necessidade de atrair investimento, não para aumentar o fosso entre os clubes mais ricos e os da chamada classe média, mas para que emblemas que pertencem aos sócios não fiquem para trás face a clubes que estão nas mãos de multimilionários. «Como é que o Real Madrid, que é dos seus sócios, consegue competir contra um clube de um Estado...», disse deixando no ar a ideia de que a UEFA autorizou alguns clubes anteriormente integrantes da Superliga a ignorarem as regras do fair-play financeiro daqui para a frente, de modo. «Não quero julgar ninguém, mas estamos preocupados. Não pelo que aconteceu, mas pelo que pode vir a acontecer. Se os clubes-Estado ou os proprietários ricos puderem injetar dinheiro sem limites, será difícil competir em igualdade de circunstâncias. É necessária transparência e saber de onde vêm as receitas dos clubes», rematou.