Recorda-se dos incidentes deste fim-de-semana, quando os adeptos do Cagliari resolveram fazer sons de macaco e dirigir insultos racistas a Romelu Lukaku, jogador do Inter? Pois a claque do Inter (sim, do Inter), escreveu uma carta aberta ao jogador belga a dizer que, apesar de parecer, não se tratou de racismo.

Numa carta aberta publicada no Facebook, a Curva Nord, que começa por garantir que «os italianos não são racistas», diz que este foi um «teatro mediático de lugares comuns contra o racismo», criado por falsos moralistas que pretende «instrumentalizar» as pessoas e «criar alarme inútil» e resolve então explicar ao jogador como é a realidade em Itália.

«Escrevemos-te em nome da Cruva Nord, sim, os mesmos que te receberam à chegada a Milão», diz a missiva, que continua: «Lamentamos que tenhas pensado que o que aconteceu em Cagliari foi racismo. Tens de entender que Itália não é como outros países do norte da Europa onde o racismo é um problema real. Percebemos que possa ter parecido racismo, mas não é.»

E então o que é? A Curva Nord explica: «Em Itália usamos vários caminhos para ajudar as nossas equipas e tentar pôr os nossos adversários nervosos, não por racismo, mas para os irritar. Somos uma organização multiétnica e que sempre recebeu bem todos os jogadores. Mas sempre usámos os nossos métodos com jogadores das outras equipas no passado e o mais provável é continuarmos a fazê-lo», dizem, e frisam: «Não somos racistas e os adeptos do Cagliari também não.»

A longa carta diz depois que, além de apoiar a sua equipa, «em Itália as pessoas também torcem contra os adversários, mas para ajudar a própria equipa» e pede a Lukaku que veja esta atitude como «uma forma de respeito.»

«É sinal que têm medo de ti e dos golos que possas marcar e não que te odeiam ou são racistas. O verdadeiro racismo é uma coisa diferente», apontam.

«Quando dizes que o racismo é um problema que se tem de combater em Itália, só ajudas a que haja mais repressão aos adeptos de futebol, incluindo a nós próprios, e estás a contribuir para um problema que não existe, não como noutros países», diz ainda a nota, que acrescenta: «A luta contra o verdadeiro racismo tem de começar nas escolas, não nos estádios. Os adeptos são apenas adeptos e comportam-se de maneira diferente no estádio e na vida real.»

No final, a Curva Nord volta a dar as boas-vindas a Lukaku.

Leia a carta: