Jogador do Barcelona entre 2006 e 2008, as duas últimas épocas da carreira, Lilian Thuram assistiu ao início da afirmação de Lionel Messi como uma das maiores estrelas do futebol mundial.

«Já se via que ia ser o melhor jogador do Mundo. Toda a gente o dizia, parecia evidente», recordou o ex-jogador francês em entrevista à revista Líbero. Thuram frisou que já tinha ouvido falar no argentino quando este era um adolescente ainda à procura de se afirmar no Barcelona. «Os meus colegas na Juventus fizeram um particular de pré-época no Camp Nou e eu fiquei em Turim porque estava lesionado. No treino seguinte não paravam de mencionar o nome dele. Todos falavam dele. Diziam que não era normal que um miúdo com 16 anos nos fintasse a todos. Hoje em dia continua a demonstrar o que é: um jogador de outra categoria.»

 

Na mesma entrevista, Thuram vincou a capacidade de trabalho que Zinedine Zidane, com quem venceu um Mundial e um Europeu, conseguiu associar ao talento e perspetivou um grande futuro para o também compatriota Kylian Mbappé. «É um jogador como poucos no Mundo. Nos próximos anos espero que continue a crescer e que ocupe o lugar onde estão agora Messi e Cristiano Ronaldo. Pode alcançar esse nível.»

Thuram elegeu ainda o adversário mais difícil que encontrou pela frente ao logo de quase duas décadas no futebol profissional. «Essa é fácil: Munitis. Quando jogava não recordava, normalmente, o nome dos rivais, dos estádios. Dedicava-me apenas a jogar. Mas de Munitis lembro-me muito bem, é um jogador que me deu muitos problemas. No Euro 2000, num França-Espanha [quartos de final], foi incrível, deixou-me louco. Se olhar à sua volta, no meu escritório não tenho fotos de futebol, mas tenho uma de Munitis. Creio que deve estar aqui porque é importante para cultivar a humildade», disse.

Thuram abordou também o tema do racismo no futebol. «No meu período no Barcelona nunca sofri um abuso racista, mas quando estava no Parma sim. Foi num jogo da Taça UEFA contra o Atlético Madrid no Vicente Calderón. Antes do jogo, uns adeptos que estavam nas bancadas dirigiram-se a mim com insultos. Disseram-me: 'Nunca vos devíamos ter tirado as bolas de aço dos pés'», recordou antes de deixar uma reflexão. «Estamos numa situação em que há muita hipocrisia em Espanha, França, Itália e na Europa em geral. Frequentemente ouvimos os adeptos a imitarem sons de macacos para com jogadores negros e frequentemente também ouvimos brancos a dizerem qual é a solução. E é aí que está a hipocrisia, porque não está a fazer-se nada, só se pensa. Denuncias uma situação, mas ao mesmo tempo não é aplicada uma solução. O racismo persiste na sociedade há muitos séculos porque há uma grande hipocrisia da parte de quem denuncia», refletiu.