A menos de um mês dos Jogos Olímpicos, o Maisfutebol lança uma série de reportagens-vídeo, nas quais mostra a preparação e o estado de espírito dos atletas portugueses rumo a Pequim
Pequim vai receber João Neto oito quilos mais pesado que em Atenas. Desde então subiu uma categoria, está nos menos 81, e foi com este peso que ascendeu ao topo do ranking mundial do judo, depois de conquistar a medalha de ouro no Europeu de Lisboa. Nos segundos Jogos da carreira terá outro estatuto, mas a mesma cautela que o colocou na rota asiática.
«Os Jogos Olímpicos têm sempre um significado especial. Primeiro ir e, depois, ir com os objectivos com que vou. Penso que vou encarar os Jogos como mais uma competição, porque o judo é muito, muito imprevisível, a minha categoria é extremamente equilibrada, há 15/20 atletas candidatos ao pódio, sei que sou dos que estou mais bem cotado para isso, mas isso não quer dizer que vá conseguir», admitiu o judoca ao Maisfutebol, antes de mais um treino de preparação no Estádio Nacional.
Um segundo, porém, pode determinar a glória ou o insucesso de um combate, ditadura das regras que obriga João Neto a dedicar-se, igualmente, aos adversários. «Todos aqueles que eu sei que são perigosos conheço-os. Claro que podem aparecer atletas de outros continentes que não conheça, mas penso que aqueles mais candidatos a chegar ao pódio já lutei com eles ou treinei ou o meu treinador já sabe como eles lutam. Portanto não são só eles que me estão a estudar», lembrou.
Em Pequim, sabe que o anonimato não será um aliado. Com o topo da hierarquia veio o bom e o mau: «Acho que vai ser mais difícil para mim. Se fosse o número nove ou o cinco as pessoas não iam estar tanto com os olhos em mim. Neste momento estou a ser completamente estudado pelos meus adversários, têm filmes meus e eu penso que isso não é muito positivo. Apenas nesse sentido. Agora, ser número um mundial dá-me um ânimo e uma vontade de treinar muito maior do que se o Europeu não tivesse corrido daquela maneira, portanto também tem as suas vantagens.»
Sucesso serve de motivação
Independentemente do reconhecimento internacional, João Neto recusa viver das conquistas, preferindo alimentar-se delas. «Já tinha boas perspectivas porque já tinha feito outras boas competições. Eu acho que o Europeu é mais fraco do que a Supertaça de Hamburgo e outras taças do mundo em que participei e tinha tido bons resultados. A medalha de ouro dá-me mais motivação para treinar, não significa mais do que foi aquele dia. Não pode passar disto. Um atleta não pode viver dos resultados que já teve, tem de estar a pensar sempre em mais e melhor», defendeu.
Aos 26 anos é o melhor do mundo na sua categoria, o final de carreira começa a desenhar-se, mas este finalista do curso de Farmácia espera despedir-se do Judo ainda mais pesado... «Em termos de medalhas, provavelmente, isso de certeza. Só se realmente baixar muito o meu nível, se não hei-de ter mais medalhas ainda nos anos que vêm.»