«A mudança para a Noruega, mais precisamente para Ski e para o plantel da Equipa do Follo FK, clube com 12 anos de existência que subiu esta época à Adecco Liga (2ª Liga), representou um desafio e a descoberta de uma nova realidade, não só cultural mas também futebolística.
Culturalmente, existem algumas diferenças, a mais significativa é sem dúvida a língua, uma vez que os noruegueses têm sons vocais que não conseguimos distinguir nem aprendemos a pronunciar em português(ou em inglês).
Estas diferenças são facilmente ultrapassáveis pois a maioria da população fala inglês, simplificando assim a comunicação e consequentemente a integração.
A alimentação é diferente e com sabores também distintos dos nossos. O pequeno almoço é semelhante, mas o almoço, normalmente por volta das 11h30, é apenas uma sandes ou uma salada rápida.
Os horários são condicionados pelas rotinas diárias uma vez que às 15h30 tanto as aulas como o trabalho terminam, por isso o jantar é por volta das 18h. A maior diferença que senti foi no sabor da carne. É impressionante a saudade que sentimos de coisas tão simples como um bife grelhado ou um bitoque.
Como cheguei em junho, a adaptação ao clima foi fácil pois as temperaturas rondavam os 18 graus e sem grandes diferenças entre o dia e a noite. Contudo, após a chegada do mês de Novembro e principalmente neste último mês de Dezembro, senti o que é realmente um Inverno rigoroso.
Temperaturas sempre negativas, que rondam os -6 e os -17, uma experiência para a qual não estava definitivamente preparado.
Os treinos são realizados em indoor e o gorro e as luvas fazem parte do equipamento obrigatório.
Na realidade do futebol norueguês, uma das dissemelhanças consideráveis que constatei prende-se com o acompanhamento mediático e divulgação de tudo o que se passa no clube. Há entrevistas antes e após o jogo e o próprio relato do jogo é feito online.
As tecnologias de informação estão presentes em todos os momentos, a dinamização é constante através do website e redes sociais, ou seja, em tudo muito diferente da realidade do nosso país.
Adicionalmente, e apesar de se tratar de uma liga equivalente à 2º divisão B Portuguesa, a preparação dos jogos é feita com apresentações PowerPoint e análise vídeo.
Outra distinção que quero destacar é o facto de nos jogos não existir policiamento, algo impensável em Portugal! Apesar das preferências clubísticas e das discordâncias normais referentes a decisões dos árbitros, tudo é feito sem recurso à ofensa ou violência. Além disto, o pagamento ao árbitro é feito pelo clube da casa e no final do jogo.
Como nota de curiosidade, permito-me contar um momento caricato a que assisti. No decurso do último jogo do campeonato chovia com tal intensidade, que simultaneamente e não obstante o jogo se encontrar a decorrer, alguns elementos do staff da equipa da casa, munidos com vassouras e rodos tentavam retirar o excesso de água que havia no campo, obrigando inclusive o próprio árbitro auxiliar a fazer desvios constantes de trajetória quando se deslocava ao longo da linha de modo a evitá-los.
Apesar da nova realidade à qual ainda me estou a habituar e a conhecer, posso dizer que o balanço deste ano de 2012 foi para mim particularmente positivo e feliz, pois consegui, na mesma época desportiva, subir de divisão 3 vezes.
Como jogador subi da 3ª Divisão para 2ª Divisão B, em Portugal; da 2ª Divisão B para a 2ª Liga, na Noruega. A 3ª subida de divisão foi como treinador dos Sub-14 do Ski, que vão jogar na 1ª divisão na próxima época.
Este ano de 2012 foi de conquistas e vitórias!
Quando pensava que já tinha visto tudo no «mundo da bola», sei agora que claramente há muito mais para ver...
Longe, mas ao mesmo tempo tão perto,
Jorge Cordeiro»
A época do Follo FK em resumo: