Gelo na defesa, samba no ataque, poder de fogo na zona de tiro. Experiente e mordaz, o Shakhtar sai de Braga com um pé nas meias finais da Liga Europa. Vantagem de um golo, favoritismo para confirmar em Lviv, casa emprestada.

Explicações para esta derrota europeia do Sp. Braga, atenuada pelo golo de Wilson Eduardo em cima do minuto 90?

Falta de intensidade no primeiro tempo, com tudo o que isso acarreta; desconcentração a defender um canto em cima do intervalo – primeiro golo do Shakhtar – e tremenda ineficácia ofensiva no segundo período.

O Shakhtar marcou no primeiro remate feito à baliza de Matheus, após passar 44 minutos a defender posicionalmente com competência, e matou o jogo numa brilhante assistência de Marlos – o melhor executante do samba nesta equipa – para Facundo Ferreyra.

FICHA DE JOGO E A PARTIDA VISTA AO MINUTO

Entre um momento e outro, o Sp. Braga carregou, agitou o jogo com a velocidade de Rafa e Pedro Santos, teve Luiz Carlos e Vukcevic finalmente a encontrarem espaços para apostarem no passe vertical e mostrou uma precipitação imperdoável na hora de rematar.

Rafa, na zona de penálti e à vontade, disparou à barra; Pedro Santos, solto na área e com a bola a saltar, encheu de primeira a centímetros do poste esquerdo; Vukcevic, de pé esquerdo, viu um ucraniano desviar para canto uma bola condenada a morrer dentro da baliza.

Da passividade bovina, muitas vezes em sofrimento, o Shakhtar passou para as transições felinas, quase sempre conduzidas por Marlos e Taison. Numa dessas definições, e já depois de um par de ameaças a Matheus, chegou o segundo golo, finalizado com classe por Facundo Ferreyra.

É a velha máxima dos jogos europeus, bem definida pelo histórico Emílio Butragueño: dez minutos maus num jogo da UEFA não têm remédio.

DESTAQUES DO JOGO: Rakitskyi, atrás e à frente

Para o Sp. Braga, porém, o golo tardio de Wilson Eduardo pode muito bem ter um efeito terapêutico. Num belo golpe de cabeça, em resposta a um canto de Baiano, o avançado fez o que já ameaçara na Luz e bateu o experiente Pyatov.

Três jogos contra o Shakhtar Donetsk, três derrotas, eliminatória em risco. Tudo isto é verdade e só um Sp. Braga épico poderá ter a capacidade para dar a volta a um contexto francamento negativo neste ombro a ombro.   

Os minhotos terão de ser verdadeiros Guerreiros e entender que estes ucranianos vivem essencialmente do talento dos brasileiros no que diz respeito ao processo ofensivo. Se Paulo Fonseca for da mesma opinião e anular essa ameaça clara, o Sp. Braga poderá ter bola e futebol para surpreender no Leste.

Derrota dura, sim, quiçá injusta para o Sp. Braga. São assim as noites europeias, na sua versão mais cruel. Não perdoa desatenções, não permite relações distantes. Dedicação, carinho, paixão, o Sp. Braga tem de se agarrar a isto para sobreviver na Liga Europa.