Uma equipa cada vez mais estável, outra a abanar quando nada o parecia indicar. Choque de momentos e de estilos no Bessa. O Boavista venceu o Belenenses e está cada vez mais perto da manutenção. Sem Lito Vidigal, o castelo de Belém ruiu ao primeiro golpe. Um triunfo justo e por números certos.
 
O Boavista foi sempre a equipa mais perigosa em campo, mesmo que o seu futebol não tenha o recorte dos de azul. Muito mais rendilhado o jogos dos homens, esta tarde, comandados por Jorge Simão. Bem mais prático e eficaz o que fazem os guerreiros de Petit.
 
Eficaz no sentido de que valeu a vitória e não no matemático aproveitamento das oportunidades. Foram bem mais as dos axadrezados. Aliás, tirando uma arrancada de Nelson concluída com remate por cima, o Belenenses pouco mais fez com real perigo no primeiro tempo, por exemplo.

FICHA DE JOGO E AO MINUTO
 
Entrou mais afoito e mandão perante um Boavista com a agressividade nos limites. Em cinco minutos já havia dois amarelos e os axadrezados nem esboçavam protestos. Foram justos, no fundo. Talvez tática de intimidação, talvez nervosismo inicial. Afinal, este era o Clássico dos outros campeões. As únicas duas equipas fora dos grandes a vencer um título. Não era um jogo como os outros, no fundo, passem os anos que passarem.
 
Mas ao início duro, o Boavista soube dar sequência com a arma que mais interessa: futebol. Simples, de poucos toques. Mas perigoso, como já se disse.
 
O sinal mais evidente até foi um livre de Brito que Ventura susteve com dificuldade, no início de uma fase em que o guardião do Belenenses, recentemente chamado à seleção nacional, se revelou decisivo para manter o nulo. Pouco depois negou o golo a Idris, de cabeça, após canto, e de novo a Brito, que rematou à meia volta, num prenúncio para o golo que decidiria o jogo.
 
Tudo isto foi antes da meia hora e até ao intervalo apenas houve a registar a tal oportunidade de Nelson. O jogo, esse, continuou dividido.
 
E a segunda parte foi mais do mesmo, com a diferença do golo. Belenenses com mais bola mas sem furar a organização axadrezada. Boavista direto ao assunto e a marcar.
 
Uchebo arrancou pela direita e centrou para Brito que aguentou a carga do opositor e rematou à meia volta. A bola ainda bateu no poste e só parou no fundo da baliza de Brito.
 
Jorge Simão, que havia trocado Fábio Nunes por Dálcio ao intervalo, sem efeitos práticos, lançou Tiago Silva para o lugar de Carlos Martins. O Boavista abdicou de vez da bola, mas o Belenenses não teve vida mais facilitada por isso.
 
Pelo contrário. Dificuldades evidentes para penetrar na área axadrezada e ainda um ou outro contra-ataque de arrepiar a espinha aos adeptos lisboetas. Num deles, Brito ficou a centímetros de bisar, de cabeça.
 
Isto depois de Sturgeon ter desperdiçado a melhor ocasião da sua equipa para empatar, atirando contra a muralha uma bola que Mika defendeu para a frente. Estava na entrada da pequena área e deveria ter feito melhor.
 
Se não foi ali, dificilmente seria, percebeu-se. E o apito final de Carlos Xistra ditou precisamente essa sentença. No primeiro jogo sem Lito Vidigal, o Belenenses perde e pode ver o Paços de Ferreira fugir, no sexto lugar.
 
Para o Boavista a tarde foi de festa. Os 30 pontos, que devem dar manutenção, estão a uma vitória de distância.