De início a fim. Quem queria um FC Porto autoritário teve no jogo com o Arouca a resposta da equipa de Nuno Espírito Santo. Entrou bem, dominou de fio a pavio e ganhou. Faltou apenas uma coisa para ser perfeito: dar, mais cedo, expressão no marcador ao domínio apresentado em campo. O 3-0, justo, deveria ter chegado bem mais cedo.

De facto, o Arouca provou ser um rival pouco mais do que organizado a defender para um grupo que está a crescer e tem qualidade para espantar fantasmas recentes e atirar para o lixo profetas da desgraça. O FC Porto não está moribundo. Não é, claro, a equipa dominadora de outros anos. Nem tem soluções para almejar ser. É, acima de tudo, um projeto. Com todas as suas qualidades e limitações.

Esta noite, frente ao Arouca, mostrou o suficiente para um Bom mais. Faltou, como se disse, marcar mais vezes. Teve oportunidades para isso.

Aliás, logo aos dez minutos já tinha duas para amostra. E nem é preciso boa vontade para as considerar: foram, ambas, flagrantes. A primeira esbarrou no poste, após lance de génio de Jesus Corona, a única novidade no onze, rendendo Otávio que, afinal, não recuperou a tempo. A segunda foi negada por Bracali, quando Oliver ficou na sua frente.

Depois da tremedeira inicial em Brugges, o FC Porto dava a resposta certa no Dragão. Boa entrada. Faltava o golo. Nuno haveria de desesperar mais um par de lances antes de sorrir finalmente.

Foi quase em cima do intervalo que André Silva coroou, finalmente, o melhor futebol portista. Numa parceria com Diogo Jota, autor da assistência, cada vez mais afinada. Um filme que iria repetir-se no segundo tempo. Pegou de estaca a dupla de miúdos na frente. Agora, é vê-los crescer.

Jota-Silva: take 2

O Arouca trazia ao Dragão, mais do que qualquer ameaça física, o espectro da temporada passada. A derrocada de José Peseiro ao leme dos dragões começara na noite em que Walter Gonzalez se apresentara a Portugal. O autor dos dois golos da época passada foi novamente titular, mas o Arouca deste ano nada teve a ver com aquele.

O primeiro (único?) lance de algum perigo, e aqui sim usamos boa vontade na avaliação, aconteceu para lá da hora de jogo. E terminou num corte de Felipe pela linha de fundo, antecipando-se a Marlon, que entretanto rendera Zequinha no ataque da equipa de Lito Vidigal.

Foi de menos o Arouca, mas o FC Porto também não teve o instinto matador que se exigia para, entre outras coisas, descansar mais cedo. Conseguiu-o, só, perto do minuto 80, quando André Silva fez o segundo. Lembram-se do tal filme repetido? Pois. Novamente Diogo Jota na assistência para, agora de cabeça, Silva fazer o sétimo na Liga, igualando Marega na frente da lista de melhores marcadores.

Até ao final, ainda houve tempo para Brahimi conseguir o que tanto procurava: o regresso aos golos. E como o procurou o argelino! Chegou já em cima da hora e fê-lo erguer os braços e respirar fundo. Tem margem, agora, para tentar reerguer-se no papel do avançado diabólico que já encantou o universo azul e branco.

Antes disso, a soma: três pontos para o Dragão confirmados. E justos. Ultrapassagem consumada ao Sporting, liderança partilhada com o Benfica, até resposta em contrário dos encarnados, já este domingo, em Belém.

De qualquer forma, não deixa de ser interessante notar quão curta é a diferença entre o bom arranque dos rivais e o medíocre início do tal dragão moribundo e sem chama que muitos viam a habitar na Invicta…