Por: Francisco Sousa

Aos 35 anos, Luís Filipe será um dos poucos jogadores que se poderá gabar de ter jogado dérbis de vários tipos e rivalidades. Desde o Minho a Lisboa, passando pela ilha da Madeira ou região Centro, o lateral-direito, tem uma carreira vasta e com uma imponente representação ao nível de clubes. Académica, Atlético de Madrid, Sp. Braga, Sporting, U. Leiria, Marítimo, Benfica, V. Guimarães e Olhanense. A lista é longa, as emoções de grandes e apaixonantes jogos também.

Dentro desses jogos, destacam-se naturalmente vários dérbis, entre os quais aqueles que coincidem na jornada da Liga deste fim-de-semana: Benfica-Belenenses, Sp. Braga-V. Guimarães e Nacional-Marítimo. Luís Filipe participou em todos estes desafios e o facto enche-o, inevitavelmente, de orgulho:

«Ter jogado assim tantos dérbis é muito bom, para mim. São sempre jogos que se vivem com uma intensidade enorme e disputados numa atmosfera especial», refere o defesa. Na sua memória, estão muitos jogos, embora, garanta, «acima de tudo fiquem as vitórias»: «Em tantos dérbis jogados, ganhei vários e perdi alguns também. Curiosamente, a título individual não houve nenhum no qual me tenha destacado, mas ao nível coletivo tive vários jogos marcantes».

Luís Filipe lembra aquele que, no entanto, viveu com maior vibração, sobretudo por se tratar de um jogo de enorme rivalidade regional, com alguns episódios de violência à mistura, inclusivamente:

«O dérbi entre Sp. Braga e V. Guimarães, o qual vivi dos dois lados, é, sem dúvida, o mais especial e aquele no qual existe mais rivalidade dos três», refere. «Por tudo. Os adeptos vivem aquilo com grande intensidade, sobretudo do lado de Guimarães. Lá há puro fanatismo», acrescenta Luís Filipe, lamentando porém alguns episódios mais negativos: «Já vivi episódios de violência nesses dérbis mas, apesar de tudo, prefiro recordar o espetáculo dentro do espetáculo, com partidas sempre bem disputadas e intensas».

Luís Filipe teve também a oportunidade de jogar os dérbis entre Benfica e Belenenses e o duelo madeirense entre Marítimo e Nacional. O lateral natural de Cantanhede explica que não há grandes diferenças de região para região ou, neste caso, do continente para a ilha.

«O dérbi da Madeira é um dérbi como outro qualquer. É verdade que são clubes rivais desde há muito tempo e que existe uma atmosfera especial à volta do jogo, mas não há grandes diferenças para todos os outros dérbis que joguei. Para mim, todos estes encontros foram vividos muito intensamente», menciona o lateral.

Benfica-Belenenses perdeu a grandeza de antigamente

Os três dérbis do fim de semana já tiveram preponderâncias diferentes ao nível do futebol nacional. Tempos houve em que os clubes madeirenses tinham pouca ou nenhuma representatividade nacional e o dérbi minhoto era um jogo especial, mas sobretudo de dimensão regional. O Benfica-Belenenses, esse sim, era um jogo grande, como também refere Luís Filipe: «Em termos históricos, é um jogo especial. São dois rivais que já foram mais próximos e cujo dérbi até teve outra importância».

E quanto a prognósticos? Luís Filipe procurou fazer uma análise sensata, constatando que o dérbi entre os «encarnados» e os «azuis» do Restelo não terá o equilíbrio e a vibração doutros tempos: «O Benfica-Belenenses será, em teoria, o jogo onde o favoritismo de uma equipa é maior. Hoje em dia, pela diferença que existe entre as duas equipas, aposto no Benfica para vencer o jogo».

Sobre os dérbis do Minho e da Madeira, apostar numa equipa vitoriosa é, para Luís Filipe, uma tarefa bem mais complicada, até porque o equilíbrio entre as equipas é, em teoria, maior do que no dérbi lisboeta.

«É complicado avançar com um prognóstico a propósito do Sp. Braga-V. Guimarães ou do Nacional-Marítimo. São partidas de bastante igualdade. O Vitória está numa boa fase mas ainda recentemente, o Sp. Braga ganhou em Guimarães e provou que está a crescer», refere, acrescentando a propósito do dérbi da Madeira: «O Nacional em casa é sempre forte, mas o Marítimo vem de uma vitória motivadora. Será um jogo emocionante e de resultado incerto.»