Os sinais não eram enganadores.

O Sporting está mesmo a crescer e fá-lo com uma maturidade pouco vista nos tempos de Marcel Keizer. Está a crescer com equilíbrio, com discernimento e com sensatez.

É uma equipa a crescer com pinta, portanto.

Não tem aquele futebol avassalador de há uns meses, mas também não é aquele monte de equívocos em que se tornou quando quis ser menos aventureiro. É um Sporting mais ponderado, lá está.

Defende melhor, sabe gerir os momentos do jogo, ataca com critério e defende com segurança. Depois, claro, e porque uma vitória sobre o eterno rival é sempre a melhor das motivações, está confiante o suficiente para saber trazer para o seu lado a pontinha de sorte que é necessária.

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Essa pontinha da sorte, este domingo, esteve na capacidade de marcar na primeira situação de perigo que criou. Jogava-se o décimo segundo minuto, nenhuma das equipas tinha feito um remate verdadeiramente digno desse nome, quando o Sporting marcou numa transição rapidíssima.

A jogada começou, aliás, num canto a favor do Rio Ave. Houve um alívio, a bola foi parar a Diaby, que tocou para Luiz Phellype, que abriu em Wendel: o brasileiro fez um passe interior a rasgar o meio campo ofensivo, Acuña tocou levemente na bola e isolou o mesmo Luiz Phellype, que na cara de Léo Jardim finalizou com classe. Tudo fácil, tudo rápido, tudo perfeito.

A partir daí, e porque tinha marcado cedo, o Sporting sentiu-se confortável no jogo. Wendel encheu o campo, Luiz Phellype colocou a defesa do Rio Ave em sentido, Acuña correu todo o corredor esquerdo e Bruno Fernandes pintou o jogo com pormenores de classe.

Foi dele, de Bruno Fernandes, por exemplo, a recuperação de uma bola em situação de ataque, finalizada num cruzamento que Luiz Phellype cabeceou torto, é verdade, antes de ser atropelado por Messias. Grande penalidade que o mesmo Bruno Fernandes converteu.

Assim mesmo, em momentos cirúrgicos, sem alvoroço nem ruído, o Sporting construiu uma vantagem justa e tranquila ao intervalo.

A segunda parte foi por isso uma questão de gerir o triunfo, mas antes de mais ainda teve espaço para um momento mágico: pouco após o regresso dos balneários, Bruno Fernandes furou pela área, ganhou a linha de fundo, fletiu para dentro e serviu Wendel, que de fora da área atirou ao ângulo.

Um golaço, no momento mais bonito do jogo

Logo a seguir Diaby, lançado outra vez por Bruno Fernandes, deixou Jovane isolado na cara do golo, mas o jovem, acabado de entrar, atrapalhou-se com a bola e não rematou.

Bruno Fernandes, quem mais? Os destaques do encontro

Faltava meia hora para o fim e, em outros tempos, sentindo o adversário mais frágil, o Sporting haveria de carregar, carregar, carregar, até construir uma goleada das antigas.

Mas este é outro Sporting: este é um Sporting mais sensato e equilibrado. Por isso o que a equipa fez foi recuar as linhas, gerir o grupo (Keizer deu descanso a Acuña e Mathieu, por exemplo) e deixar o tempo correr. A vitória estava construída e há mais vida para a semana.

O Rio Ave, que nunca esteve em Alvalade com uma atitude negativa, pelo contrário, teve então mais posse de bola e quase marcou num remate de Tarantini.

O Sporting, esse, mostrou que o crescimento desta equipa nunca foi fácil, mas parece ter agora entrado em velocidade de cruzeiro. Para já serviu para animar as bancadas, receber um veemente aplauso dos adeptos leoninos e subir ao terceiro lugar.

Não é mau.