A pandemia da covid-19 está a ter um forte impacto social e financeiro em toda a sociedade, com o futebol (também) a ser altamente atingido neste último capítulo, devido à paragem dos campeonatos.

Alguns emblemas estrangeiros já anunciaram cortes nos salários (unilaterais ou negociados), e a Associação Nacional de Treinadores de Futebol (ANTF) garante que os associados estão disponíveis para adotar essa medida, de forma a amenizar o impacto da interrupção das competições, desde que essa redução não coloque em causa a «dignidade» dos profissionais do setor.

«Ninguém pode estar otimista com este momento que vivemos, vai exigir de todos nós numa certa compreensão, e os treinadores também são portugueses e vão compreender, não podem distanciar-se da realidade do país e do resto do mundo. Haverá sempre disponibilidade para negociar (reduções de salários), desde que não existam abusos (dos clubes) que ponham em causa a dignidade dos treinadores», disse José Pereira, presidente da ANTF, à agência Lusa.

O dirigente revelou também que, até agora, não houve qualquer abordagem da Liga ou da Federação Portuguesa de Futebol sobre este assunto, e associa isso à incerteza em relação ao futuro das competições, e à própria expectativa em torno das medidas políticas.

Apesar de revelar uma disponibilidade para a redução salarial da classe, José Pereira lembra que cada treinador tem um contrato específico com cada clube.

«Há um contrato coletivo de trabalho, mas depois as eventuais negociações serão caso a caso, clube a clube, porque há situações muito diferentes, e aí a associação não terá qualquer papel», lembrou, deixando no entanto a possibilidade de uma intervenção da associação, desde que solicitada.

José Pereira falou ainda da questão dos salários em atraso, que diz ser uma realidade sempre presente no desporto-rei, com Portugal a não ser exceção.

«Os treinadores são mais cautelosos em relação a isso, por serem líderes de um grupo de trabalho, mas já há quem esteja à espera do salário para fazer face aos seus compromissos, porque nem toda a gente ganha milhões de euros», frisou o líder associativo, lembrando as diferentes realidades por escalão.