Maratonistas por necessidade, mas com força para jogar por prazer. Não foi nada mau o Rio Ave-Sporting, sobretudo no primeiro tempo, apesar de ser um dos vários jogos sem aliciante extra que não a pontuação final nesta última jornada da Liga.
 
As duas equipas que mais jogaram este ano em Portugal (57 jogos do Rio Ave e 53 do Sporting), protagonizaram um espetáculo melhor do que se previa e que merecia mais golos. Agradável de seguir e intenso em certas artes, apesar da ausência de objetivos que não a honra da camisola. O que, sublinhe-se, deve existir sempre.
 
Levou a melhor a equipa de Alvalade, mas o Rio Ave deixa uma boa imagem no último jogo. Como em toda a Liga. Até poderia ter conseguido um ponto, sobretudo pelo primeiro tempo em que foi mais perigoso do que o rival, mas uma segunda parte uns furos abaixo impediu essa despedida mais feliz.
 
Foi a segunda metade a trair os vila-condenses e a justificar o resultado. No primeiro tempo, a equipa de Pedro Martins atirou duas bolas ao ferro. Primeiro por Diego Lopes, depois por Bressan, este de livre. Os dois lances mais visíveis mas não os únicos. O Rio Ave foi mais afoito, em suma.
 
O Sporting, contudo, teve mais bola e um maior controlo do jogo, é bom dizer. E também teve as suas oportunidades. Mané desperdiçou duas à sua conta. Slimani viu Ederson brilhar já perto do intervalo.
 
As oportunidades de parte a parte provam o quão entretida foi a primeira parte. Bem melhor do que a segunda. Aí o Sporting foi muito melhor. O Rio Ave quebrou, ficou sem argumentos e praticamente não assustou. O interesse do jogo caiu a pique.
 
A equipa de Marco Silva controlou depois de marcar. Fê-lo cedo, por Nani, de cabeça, após centro brilhante de Jonathan.
 
O avançado português foi dos poucos que resistiu na equipa inicial do Sporting face ao jogo da semana passada. A pensar na final da Taça de Portugal, técnico leonino fez sete mudanças. Manteve apenas Miguel Lopes, Tobias, João Mário e Nani. Os dois últimos foram os primeiros a sair, adensando o clima de poupança.
 
Aliás, quando Nani e João Mário saíram, a cerca de meia hora do fim, já o jogo estava na mão do Sporting. O golo de Nani, o melhor do Sporting, inclinara de vez a balança e esgotara o balão do Rio Ave que nunca conseguiu ser a equipa atrevida da primeira parte.
 
O Sporting não marcou mais por manifesto desacerto, mas também seria, é preciso dizer, um castigo demasiado pesado para o Rio Ave.
 
Ficou, contudo, a vitória certa da melhor equipa em campo na despedida do campeonato. O jogo, esse, prometeu mais do que cumpriu. Mas para quem fez uma maratona tão desgastante e já tinha a meta da Liga ultrapassada, não se podia pedir muito mais.